Adoecimento e morte por covid-19 no período pré-vacinal e no contexto da vulnerabilidade social no Rio de Janeiro: uma abordagem espacial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Cezário, Felippe de Oliveira
Orientador(a): Santos, Reinaldo Souza dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/57259
Resumo: O objetivo deste estudo foi analisar os padrões espaciais da incidência, mortalidade e letalidade por Covid-19 em relação ao contexto de vulnerabilidade socioeconômica no Município do Rio de Janeiro, Brasil. Este estudo ecológico tem por unidade de análise os bairros da cidade e se divide em etapas descritiva-exploratória a partir da caracterização da população do estudo, ocorrência da Covid-19 na população residente da cidade do Rio de Janeiro e da distribuição espacial das taxas de incidência, mortalidade e letalidade. Já a parte analítica, por meio de estatística de varredura espacial, identifica clusters espaciais de alto risco para incidência, mortalidade e letalidade por Covid-19 e sua relação com as condições socioeconômicas da população mediante a distribuição espacial do Índice de Desenvolvimento Social (IDS). Tivemos como principais resultados o fato de pessoas com idade igual ou acima de 60 anos apresentam maiores taxas de incidência, mortalidade, letalidade e menor taxa de alta por Covid-19, assim como a população negra detêm da menor taxa de alta e as maiores taxas de incidência, mortalidade e letalidade em comparação a população branca em praticamente todas as faixas etárias. A distribuição da taxa de incidência por Covid-19 foi proporcional à distribuição do IDS na cidade, onde os bairros com melhores condições socioeconômicas apresentaram maiores taxas de incidência. Foram identificados 8 clusters espaciais de alto risco para incidência significativos (p < 0,05), predominantemente em bairros da cidade com melhores condições socioeconômicas (IDS ≥ 0,61), sendo apenas o cluster 1 (RR = 2,03; LLR = 3235,17) a englobar bairros com piores valores de IDS (< 0,55). Foram identificados 7 clusters significativos (p < 0,05) de alto risco para mortalidade sobrepostos em bairros com médio e alto níveis socioeconômicos (IDS ≥ 0,61), tendo apenas o cluster 2 (RR = 1,57; LLR = 68,63) a incluir bairros com menores valores de IDS (< 0,55). Foram identificados 5 clusters significativos (p < 0,05) de alto risco para letalidade concentrados em bairros com piores condições socioeconômicas (IDS ≤ 0,60) com o cluster 1 apresentando (RR = 1,55; LLR = 199,03). A taxa de letalidade por Covid-19 apresenta distribuição inversamente proporcional ao IDS, onde bairros com piores condições socioeconômicas (IDS ≤ 0,60) detêm as maiores taxas de letalidade (≥ 9,10%). Foi observada heterogeneidade espacial na espacialização das taxas de incidência, mortalidade e letalidade por Covid-19 e na detecção de clusters de alto risco, sabendo que bairros com melhores condições socioeconômicas apresentaram maiores taxas de incidência e maior risco para infecção pela doença, enquanto bairros com piores condições socioeconômicas detiveram as piores taxas de letalidade e maior risco de óbito entre os casos. Consideramos que o contexto de dificuldade de acesso aos testes de diagnóstico para Covid-19 influenciou na detecção de clusters de alto risco para mortalidade quanto na distribuição da referida taxa nos bairros, dado que os bairros que apresentam os piores valores de IDS da cidade (< 0,55) apresentaram baixa taxa de mortalidade (≤ 20/10.000) e não foram localizados clusters de alto risco para mortalidade sobre os mesmos.