Impactos das mudanças climáticas e ambientais na distribuição espacial de Lutzomyia (Nyssomyia) whitmani (Antunes & Coutinho, 1939) (Diptera: Psychodidae: Phlebotominae) e no processo de expansão geográfica da Leishmaniose tegumentar americana (LTA) no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Costa, Simone Miranda da
Orientador(a): Rangel, Elizabeth Ferreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/29294
Resumo: A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) encontra-se em expansão no Brasil, em padrões de transmissão associados a impactos ambientais de origem antrópica. Neste cenário, destacase Lutzomyia (Nyssomyia) whitmani, incriminada como principal vetor de LTA, transmitindo três leishmânias dermotrópicas: Leishmania (Viannia) braziliensis, Leishmania (Viannia) shawi e Leishmania (Viannia) guyanensis. A presente tese tem como objetivo caracterizar cenários epidemiológicos, definir fatores determinantes do processo de expansão da LTA, no Brasil, e identificar áreas receptivas ao surgimento de surtos epidêmicos associados à L. (N.) whitmani, frente às mudanças climáticas e ambientais. A mesma está apresentada em seis capítulos. Dos 5570 municípios brasileiros, L. (N.) whitmani está presente em 808, ocorre em vinte cinco unidades federadas, sem informação para os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os estados com maior agregação espacial por municípios com ocorrência do vetor são Acre, Amazonas, Rondônia, Pará, Tocantins, Amapá, Mato-Grosso, Mato Grosso do Sul, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Paraná, que também são áreas de alta concentração de casos humanos de LTA e de importantes circuitos espaciais de produção da doença. Lutzomyia (N.) whitmani tem ampla distribuição nos biomas brasileiros Sua presença foi registrada na Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Pantanal, ocorrendo principalmente no Cerrado e Mata Atlântica. Ao observar sua ocorrência em diferentes tipos de vegetação brasileira, o vetor ocorre em municípios com predominância de floresta ombrófila densa, floresta ombrófila mista, floresta ombrófila aberta, floresta estacional decidual e a semidecidual, áreas de tensão ecológica, savana e estepe. A espécie não foi observada em municípios predominantemente cobertos por pântanos e acumulações arenosas. Nos estados que abrangem a Amazônia Legal, a LTA assim como L. (N.) whitmani ocorrem frequentemente, tendo o aumento no número de casos e na densidade do vetor relacionados a áreas com alterações ambientais, decorrentes do desmatamento, mineração, construção de estradas, assentamentos populacionais dentre outros. Os modelos de nicho ecológicos apresentaram bom desempenho preditivo, projeções em dois cenários de mudanças climáticas indicam áreas de prováveis expansão de L. (N.) whitmani e da LTA em 2050, em direção as regiões Norte e Sul para L. (N.) whitmani e noroeste do Brasil, para a LTA. O banco de dados de distribuição geográfica de L. (N.) whitmani e da LTA no Brasil, foram encaminhados para inserção no Observatório Nacional de Clima e Saúde. Conclui-se que modelos de nicho ecológico, assim como as geotecnologias são métodos eficazes na previsão de ocorrência de vetores e dos casos humanos de LTA e podem auxiliar gestores da área de saúde nas atividades de vigilância e controle de doenças infeciosas.