Epidemiologia da malária e estudo dos conhecimentos de garimpeiros do municipio de Oiapoque, Amapá, Brasil, antes e depois da implementação do malakit

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Amanda Figueira da
Orientador(a): Suárez Mutis, Martha Cecilia, Franco, Vivian da Cruz
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/52529
Resumo: Introdução: Dentre as áreas de transmissão de malária denominadas “especiais” pelo Ministério da Saúde, estão as áreas de garimpo. Nas minas do maciço Guianês, pouco se sabe sobre a prevalência do Plasmodium spp. nos garimpeiros provenientes dessas regiões e os principais determinantes da transmissão da doença. Os garimpeiros são uma população de alta mobilidade e difícil acesso, o que torna o controle da malária entre eles um grande desafio para as autoridades sanitárias do país. Atualmente, o município de Oiapoque é considerado de médio risco para malária e uma boa parte dos casos locais são de garimpeiros em situação de ilegalidade na Guiana Francesa. Objetivo: Analisar a epidemiologia da malária e determinar os conhecimentos, atitudes e práticas (CAPs) frente à malária por garimpeiros no município de Oiapoque-Amapá na área de fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa antes e depois da implementação do Malakit. Metodologia: Foi realizado um estudo seccional no município de Oiapoque-Amapá, onde ocorreram duas visitas antes (Orpal 1_2018) e depois (Orpal 2_2019) da execução do Malakit, um projeto piloto de controle de malária nos garimpeiros. Os indivíduos foram recrutados em locais de descanso e foram submetidos a um questionário com variáveis demográficas, de antecedentes de malária e de conhecimentos, atitudes e práticas frente à malária. No mesmo momento, foi feita uma avaliação clínica dos participantes e uma amostra de sangue total foi coletada para o diagnóstico parasitoscópico direto e molecular da malária Resultados: Os participantes eram em sua maioria naturais do Maranhão, Pará e Amapá, do sexo masculino e com idade média de 38 anos. A prevalência de infecção por Plasmodium spp. em nosso estudo foi de 3,36% e a principal espécie encontrada foi o P. vivax. Cerca de 56% dos participantes do Orpal 1 e 66% do Orpal 2 sabia corretamente como ocorre a transmissão da malária, mas a maioria dos entrevistados não tinha costume de se proteger contra picadas de mosquitos. No Orpal 1, 87,7% dos garimpeiros haviam tido algum episódio de malária e cerca de 62% desses indivíduos optaram por fazer o teste para confirmar a infecção antes de se medicar enquanto 35% se automedicaram sem fazer teste. Da mesma maneira, no Orpal 2, 78,9% dos garimpeiros já haviam tido algum episódio de malária, 43% fizeram o teste antes de se medicar e 39% se automedicaram sem fazer o teste. Ainda no Orpal 2, 10% dos participantes fizeram também o uso do Malakit. Também foi visto que no segundo corte, cerca de 25% (30) dos indivíduos estavam inclusos no projeto Malakit e desses, 5 (16,66%) haviam feito o uso do kit no último episódio de malária. Conclusões: Os garimpeiros do estudo são todos brasileiros com um baixo nível educacional e expostos a doenças como a malária, leishmaniose, entre outras. Trata-se de uma população com conhecimentos sobre a malária, porém não faz práticas a fim de evitar a infecção. No entanto no Orpal 2 foi visto um aumento no uso do mosquiteiro Esses garimpeiros praticam frequentemente automedicação e compram esses medicamentos no mercado ilegal; além de ser um grupo de difícil alcance devido a sua alta mobilidade, o mercado ilegal de medicamentos também dificulta o desenvolvimento de estratégias de saúde voltadas para essa população. Os dados deste estudo, junto com os dos nossos parceiros no Suriname assim como outras formas de avaliação do projeto Malakit mostram que estas informações são fundamentais para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde direcionadas para as situações epidemiológicas encontradas