Determinantes da malária, em municípios da faixa de fronteira da região Amazônicao caso Oiapoque-Amapá

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Franco, Vivian da Cruz
Orientador(a): Suárez Mutis, Martha Cecilia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/25150
Resumo: Apesar da redução dos casos de malária em Brasil nos últimos dez anos, essa situação não foi verificada nos municípios da faixa de fronteira internacional. A sub-região Oiapoque-Tumucumaque (fronteira Brasil e Guiana Francesa) continua apresentando elevada incidência da doença. O objetivo deste estudo é descrever o perfil epidemiológico da malária no município de Oiapoque-Amapá entre os anos de 2003 a 2012 e identificar determinantes para o elevado risco da transmissão. Foi realizado um estudo misto com um componente retrospectivo para entender a epidemiologia da malária na área ao longo do tempo (foram usadas como fontes secundárias, o SIVEP-malária, IBGE, DATASUS e IDSUS), um estudo seccional para compreender as percepções e conhecimentos da doença dos habitantes e um estudo sócio-geográfico para uma melhor caracterização do município e da vulnerabilidade da população frente à malária. De 2003 até 2012 foram notificados 50.886 casos de malária, com uma média de notificações anuais de 5.089 ± 990,4 (IC 95%%: 4380-5797) e mediana 5186. A IPA média durante o período foi de 286/mil habitantes, considerada como de alto risco epidemiológico. Dentre os casos notificados, 25.459 (50,03%) eram autóctones e 25.728 (50,56%) importados. A Guiana Francesa contribuiu com 25.243 casos (98,1% dos importados) sendo que 39,6% foram devidos ao P. falciparum Dos casos autóctones, 7.512 (29.5%) eram urbanos e 17.947 (70,5%) da área rural. A espécie parasitária predominante foi P.vivax (61,4%), P. falciparum (35,4%). Nas áreas indígenas a IPA média foi 254,6/mil hab. Houve mudanças no perfil epidemiológico da doença nos últimos dez anos com a diminuição dos casos importados da Guiana Francesa (p<0,0000), aumento dos casos entre os povos indígenas (p<0,0000) e da malária urbana (p<0,0000). No estudo sócio-geográfico e seccional observaram-se debilidades nos serviços de saúde, falta de médicos, desconhecimento sobre a malária e formas de prevenção na população entrevistada. A sub-região Oiapoque-Tumucumaque é considerada área de alto risco epidemiológico para malária. Foi determinante para a elevada transmissão da malária a elevada mobilidade populacional com migração de pessoas em busca de trabalho nos garimpos ilegais ou nas cidades francesas da fronteira, as interações transfronteiriças com a Guiana Francesa (país com elevada incidência de malária), aumento da transmissão nas áreas indígenas e na área urbana. Conhecendo o contexto da região é fundamental estabelecer medidas de controle e vigilância eficazes, priorizando parcerias com a Guiana Francesa para elaboração de ações conjuntas de combate a malária