Aspectos Clínicos e Evolutivos da Leishmaniose Cutânea na Casuística do Centro de Referência em Leishmanioses do Centro de Pesquisas René Rachou- Fiocruz, Belo Horizonte, 2001-2005

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Silva, Alexandre Rotondo
Orientador(a): Rabello, Ana Lúcia Teles
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34445
Resumo: Casos autóctones de leishmaniose cutânea (LC) na região metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) foram documentados na década de 1980 e desde esta época observa-se o aumento do número de casos oriundos desta região. A necessidade de conhecer os aspectos particulares da LC na RMBH, visando reavaliar o protocolo de abordagem clínica, motivou a realização de um estudo descritivo, através de revisão de prontuários médicos de pacientes atendidos entre os anos de 2001 e 2005, no Centro de Referência em Leishmanioses (CRL) do Centro de Pesquisas René Rachou/Fiocruz, em Belo Horizonte. Foram incluídos 310 casos de LC com diagnóstico clínico corroborado por pelo menos um exame: intradermo-reação de Montenegro (IDRM), pesquisa direta do parasito em lâminas de microscopia (imprint), cultivo a partir de material aspirado da lesão ou a detecção de kDNA de Leishmania spp. através da reação em cadeia da polimerase (PCR) ou pela resposta ao tratamento específico. Foram excluídos casos que iniciaram tratamento para LC em outro serviço de saúde e casos de leishmaniose mucosa. Entre os 310 casos analisados, 85% eram procedentes da RMBH. O sexo masculino predominou com 70% dos casos e a mediana de idade foi de 35 anos. A maioria das lesões era ulcerada (85%). Lesão única foi observada em 66,8% dos casos. Os membros inferiores foram os locais de maior acometimento, com 51% das ocorrências. A mediana do tempo de evolução foi de 60 dias. A IDRM foi positiva em 82% e a positividade do imprint foi de 68,4%. A positividade dos dois exames não apresentou relação com o tempo de evolução. A positividade do aspirado da lesão foi de 63,3%, associada ao menor tempo de evolução (p=0,0464). A PCR apresentou positividade de 82%. A determinação de sub-gênero pela análise de tamanhos de fragmentos de DNA após digestão enzimática dos produtos de amplificação pela PCR (PCR-RFLP), feita em 95 lâminas demonstrou a presença de Leishmania do subgênero Viannia em 91 (94,8%) e do subgênero Leishmania em 4 (5,2%). Entre os pacientes analisados, 262 (84,5%) receberam como tratamento inicial injeções diárias de Glucantime® por período de 20 dias. Entre estes, 21 (9%) receberam dose diária menor do que 10 mg/kg de peso, 178 (75%) receberam entre 10 e 14,9 mg/kg e 39 (16%) receberam uma dose igual ou superior a 15 mg/kg. A recidiva o correu em 18 casos (6,9%). Não foram encontrados fatores sócio-demográficos, clínicos ou terapêuticos associados à recidiva. Entre 150 pacientes tratados no CRL-CPqRR, 126 (84,6%) foram considerados curados na data da última consulta, 22 (14,7%) apresentaram melhora, um (0,7%) apresentou novas lesões e um (0,7%) teve pouca melhora. Não houve diferença significativa entre a dose e o desfecho clínico. Efeitos adversos foram registrados em 122 (46,6%) prontuários, sendo os mais freqüentes artralgia e mialgia, que corresponderam a 72% dos efeitos relatados. A presença de efeitos adversos foi maior em pessoas mais velhas. A análise da casuística do CRL-CPqRR confirma a predominância da L. (L.) braziliensis e a elevada taxa de cura obtida com o antimônio pentavalente na RMBH.