Antígenos de Plasmodium vivax envolvidos na invasão de reticulócitos: avaliação da resposta imune naturalmente adquirida após única exposição ao parasito

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Lima, Bárbara Andreza Soares
Orientador(a): Kano, Flora Satiko
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: s.n.
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/55213
Resumo: O processo de invasão do Plasmodium vivax aos reticulócitos é complexo, essencial para o sucesso da infecção e coincide com o aparecimento dos sintomas clínicos da doença. Portanto, proteínas envolvidas nesse processo constitui alvos no desenvolvimento de uma vacina contra P. vivax. Recentemente estudos têm demonstrado que a combinação de múltiplos antígenos tem efeito protetor contra a doença em mais de 90%, dos quais incluem a Duffy binding protein II (DBPII) e a recém descrita Erythrocyte Binding Protein (EBP2), uma proteína paráloga da DBPII. No entanto, o efeito protetor conferido pela associação DBPII/EBP2 foi observado apenas para variante homóloga da DBPII. Para contornar o efeito da diversidade genética de DBPII sobre o sistema imune, o imunógeno sintético baseado na DBPII, denominado de DEKnull-2, foi construído para induzir anticorpos capazes de bloquear a interação entre diferentes alelos DBPII e seu receptor cognato em reticulócitos, o qual, tem mostrado resultados promissores. Buscando contribuir no desenvolvimento de uma vacina, o conhecimento sobre a aquisição e longevidade da resposta imune naturalmente adquirida para DEKnull-2 e EBP2, bem como o estabelecimento de células B de memória (MBCs) de longa duração são necessários. Com a vantagem de estudar uma população exposta uma única vez a um surto de malária causado por P. vivax fora da região endêmica brasileira, numa primeira etapa, avaliamos a aquisição e longevidade da resposta de anticorpos IgM e IgG contra as EBP2, DBPII e DEKnull-2, e a proteína bem caracterizada e imunogênica MSP1-19. Para isso, realizamos um acompanhamento de 12 meses dos indivíduos expostos (16 casos e 22 não caso) em quatro cortes transversais com intervalo de 3 meses. Os nossos resultados mostram que uma única exposição ao P. vivax não foi suficiente para induzir níveis relevantes de IgM ou IgG contra EBP2, DBPII ou DEKnull-2. No entanto, após infecções de P. vivax recorrentes houve um aumento expressivo na resposta de IgG contra DBPII e DEKnull-2, sendo essa resposta estável para DEKnull-2 ao longo de 12 meses. Polimorfismo no gene ebp2 não parece explicar a baixa resposta de anticorpos contra EBP2, uma vez o isolado de P. vivax do surto mostrou alta identidade com o isolado referência (proteína recombinante utilizada nos ensaios sorológicos). Embora pouco imunogênica em indivíduos expostos uma única vez ao P. vivax, a EBP2 foi altamente imunogênica em indivíduos com longa exposição à malária, com frequência de respondedores que variaram de 35% a 92%, dependendo do número de episódios de malária. Na segunda etapa, avaliamos a longevidade da resposta de células B de memória (MBCs) contra DBPII e DEKnull-2 após 13 anos a ocorrência do surto de malária. Apesar dos anticorpos antígeno-específicos contra P. vivax não serem detectados após 13 anos da única exposição, MBCs antígeno-específicas ainda foram detectadas. Especificamente, 44% dos indivíduos caso apresentaram MBCs diferenciadas em células secretoras de anticorpos (ASCs) específicas para DEKnull-2 e 33% para DBPII. Além disso, a resposta de ASCs para DEKnull-2 teve maior amplitude comparada com a DBPII. Uma análise de correlação dos dados de sorologia IgM e IgG com o perfil de subpopulações de células B mostrou correlação positiva com anticorpos contra DBPII e MBCs atípicas enquanto para DEKnull-2 a correlação foi significativa com as MBCs clássicas. Em conjunto, o presente trabalho mostra que a EBP2 apesar de pouco imunogênica após uma breve exposição ao P. vivax, é altamente imunogênica em indivíduos com longa exposição à malária. Além disso, nossos resultados reforçam o potencial da DEKnull-2 como um importante candidato vacinal contra o P. vivax.