Resposta imune humoral de longa duração na malária por Plasmodum vivax: células B de memória contra protótipos vacinais baseados na DBP II (Duffy Binding Protein)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Fantin, Raianna Farhat
Orientador(a): Carvalho, Luzia Helena de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34570
Resumo: O Plasmodium vivax constitui um grande desafio para os programas de controle de malária devido à sua ampla distribuição geográfica, alta frequência de infecções submicroscópicas, e capacidade de induzir recaídas devido as formas latentes presentes no fígado (hipnozoítos). Nesse contexto, o desenvolvimento de vacinas contra P. vivax tem sido considerado prioritário pelos programas que visam controlar e/ou eliminar a transmissão de malária. A grande dependência do P.vivax de uma proteína apical – Duffy Binding Protein (DBPII) – para a invasão de reticulócitos humanos DARC positivos faz com esta proteína seja considerada o principal alvo para vacinas contras as fase sanguíneas do parasito. No entanto, a existência de polimorfismos na DBPII induz frequentemente imunidade do tipo cepa-específica. No intuito de se obter uma resposta de anticorpos anti-DBPII de ampla reatividade, sem a interferência de polimorfismos, diferentes construções vacinais têm sido obtidas, incluindo a chamada DEKnull-2, cujos epítopos polimórficos foram removidos (JH Adams, USF, Tampa, FL, USA). No presente estudo, avaliou-se o potencial da DEKnull-2 para induzir resposta imune humoral de longo prazo (anticorpos e células B de memória, MBCs). Para tal, a população de estudo foi constituída de 42 indivíduos bem caracterizados, com histórico de longa exposição à malária na região da Amazônia brasileira (comunidade de Rio Pardo, Presidente Figueiredo, AM). O delineamento experimental incluiu uma abordagem retrospectiva, com quatro cortes transversais, sendo três realizados durante o primeiro ano de acompanhamento (linha de base, 6 e 12 meses) e o quarto, conduzido 6 anos após o início do estudo. A resposta imune humoral foi avaliada pela sorologia convencional (ELISA), utilizando-se proteínas recombinantes baseadas na DBPII (cepa referência DBPII Sal-1 e DEKnull-2), e por um ensaio funcional que avalia anticorpos inibitórios da interação ligante-receptor (BIABs). De acordo com a resposta de anticorpos inibitórios, os indivíduos foram classificados como: (a) Respondedor de Elite, ER (n=11), indivíduos cuja resposta de BIAbs permaneceu estável ao longo do estudo; (b) Respondedor Transiente, TR (n=15), cujos BIAbs flutuaram ao longo do tempo; (c) Persistente Não-Respondedor, PNR (n=16), cuja resposta BIAbs não pôde ser detectada em nenhum momento do estudo. De interesse, o perfil dos ER foi associado a uma maior exposição aos mosquitos vetores, já que a maioria neste grupo vivia próximo aos pequenos cursos d’água (Igarapé) onde a incidência de malária foi maior. Em seguida, buscou-se investigar se o perfil de células B de memória (MBCs) antígeno-específicas poderia diferenciar os grupos ER, RT e PNR. Para isso, MBCs específicas para DBPII Sal-1 e DEKnull-2 foram avaliadas através de um ensaio imunoenzimático de ELISpot otimizado, capaz de detectar células secretoras de anticorpos IgG (ASCs). Em conjunto, os resultados permitiram validar a DEKnull-2 como um promissor antígeno candidato a vacina, e demostrar ainda que: (i) em comparação com DBPIISal-1 (cepa de referência), DEKnull-2 parece induzir maiores níveis de anticorpos, que permaneceram estáveis durante o período de baixa transmissão da malária (6 anos de acompanhamento); (ii) independentemente do antígeno avaliado (DEKnull-2 ou DBPII Sal-1), o perfil das células B de memória (IgG+ MBCs) não permitiu diferenciar os indivíduos cujas BIAbs eram estáveis (ER) daqueles com resposta instável (TR). Visando estudos futuros para caracterizar mecanismos envolvidos no desenvolvimento de uma resposta de anticorpos inibitórios estável e de longa-duração, faz-se necessário avaliar diferentes subpopulações de MBCs que possam estar envolvidas na resposta imune protetora.