Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Barros, Tairine Monteiro de |
Orientador(a): |
Villar, Livia Melo,
Mello, Francisco Campello do Amaral |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/44256
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Resumo: |
O vírus da hepatite D (HDV) acomete entre 48-60 milhões de pessoas no mundo e é um vírus satélite dependente do vírus da hepatite B (HBV) para a sua replicação. O genoma do HDV está classificado em 8 genótipos (GTs) enumerados de 1 a 8 que apresentam uma distribuição geográfica distinta. Entretanto, estudos recentes sugerem uma subdivisão intragenotípica devido a sua alta variabilidade genética. No Brasil predominam o GT3, que está associado a manifestação clínica exacerbada da doença, e o GT1, que é cosmopolita. Além disso, tendo sido relatada a ocorrência dos GTs 5 e 8, que são autóctones da África, nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, respectivamente. Esses achados sugerem a importação e a circulação de genótipos de HDV \201Cestrangeiros\201D no país, destacando a importância da pesquisa de HDV em áreas não endêmicas. Diante deste cenário, este estudo tem como objetivo determinar a soroprevalência da infecção pelo HDV e o perfil epidemiológico molecular dos genótipos do HDV circulantes em áreas endêmicas e não endêmicas do Brasil. Neste estudo transversal do tipo retrospectivo foram selecionadas 1240 amostras de soro provenientes de portadores do HBV de todas as regiões geográficas brasileiras, incluindo 24 dos 26 estados, coletadas entre 2013 a 2015. A presença de infecção pelo HDV foi avaliada por testes imunológicos (pesquisa de anticorpos anti-HDV por ELISA) e moleculares (presença de RNA viral por RT-PCR), bem como a identificação dos genótipos e sua associação à infecção pelo HBV Das 1240 amostras testadas, 40 foram positivas para anti-HDV, resultando em uma soroprevalência global de 3,2%. Considerando as amostras positivas, 52,5% eram do sexo feminino e tinham idade média de 38,1 anos (mediana: 41,0). Considerando as faixas etárias, o anti-HDV apresentou maior taxa em indivíduos de 12 a 20 anos (média: 17,4 anos; P <0,0001). A região Norte apresentou a maior prevalência de anti-HDV (8,5%; P <0,001). Das 40 amostras positivas para o anti-HDV, 38 (95%) foram submetidas a testes moleculares, das quais 13 (34,2%) foram positivas para o HDV-RNA. Destas, 11 foram genotipadas através do sequenciamento da região que codifica o HDAg (403pb), onde 9 amostras (81,8%) foram caracterizadas como sendo GT3 (8 na região Norte e 1 na Região Centro-Oeste), 1 (9,1%) como GT5 (São Paulo) e 1 (9,1%) como GT8 (São Paulo). As sequências brasileiras de HDV-GT8 apresentaram uma distância genética de 15,5% das GT8 africanas. Com relação à associação entre os genótipos de HDV e HBV, predominou a co-infecção HBV-F2/HDV-GT3 (4/10; 40%). Por outro lado, dentre as amostras que apresentaram anti-HDV+ sem HDVRNA detectável (n=19), o HBV-A (13/19; 68,4%) foi o mais frequente. Além disso, o presente estudo, além de confirmar a presença endêmica do HDV na região Norte, indicou a circulação do HDV em áreas não endêmicas do Brasil, evidenciando a importância de estudos nestas áreas. Ainda, a caracterização molecular identificou em duas amostras a coinfecção por GTs autóctones do continente africano circulando no país, ressaltando a utilidade da vigilância epidemiológica molecular na elucidação de rotas de introdução e dispersão do HDV na população brasileira. |