Impacto da desnutrição proteico-energética na infecção experimental por Schistosoma mansoni

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Maciel, Poliane Silva
Orientador(a): Fonseca, Cristina Toscano
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/39564
Resumo: Esquistossomose e desnutrição são importantes problemas de saúde pública que acometem uma parcela significativa da população mundial, sendo mais frequentes em países em desenvolvimento. A imunidade ou a susceptibilidade a diversas doenças infecto‐parasitárias estão diretamente relacionadas ao estado nutricional dos indivíduos. Desse modo, devido às lacunas existentes nos mecanismos que medeiam essa relação, mais estudos são necessários. Dessa forma, este trabalho objetivou avaliar o impacto de diferentes dietas restritivas na infecção experimental por Schistosoma mansoni. Para isso, os animais foram divididos em cinco grupos: Controle (CTL) (alimentados com dieta contendo 14% de proteína e 10% de lipídios); Hipoproteico 3% e 8% (HPT 3% e 8%) (alimentados com dieta hipoproteica contendo 3% e 8% de proteína, respectivamente); Hipolipídico 2,5% e 5% (HPL 2,5% e 5%) (alimentados com dieta hipolipídica contendo 2,5 e 5% de lipídios, respectivamente). No momento em que houve uma diferença de peso de, aproximadamente, 20% entre os animais do grupo HPT 3% e o CTL, procedeu-se à infecção pelo Schistosoma mansoni. Cinquenta dias após a infecção, os animais foram eutanasiados e os vermes recuperados do sistema porta hepático por perfusão das veias mesentéricas. Fragmentos de fígado e intestino foram retirados e digeridos com KOH a 10%, a fim de determinar o número de ovos presentes nesses órgãos. Para avaliação do perfil de reposta imune, amostras de sangue foram coletadas em três momentos do período experimental: tempo zero, antes da infecção e antes da perfusão. Animais do grupo HPT 3% apresentaram perda ponderal significativa, além de diminuição dos níveis séricos de albumina e do consumo de ração e de proteínas, em relação ao CTL, caracterizando um quadro de desnutrição proteico-energética (DPE). Em nenhum dos grupos houve diferença na média do número de vermes recuperados pela perfusão e de ovos presentes no fígado. Porém, foi observado uma redução significativa no número de ovos retidos no intestino e na área do granuloma hepático do grupo HPT 3%. A dieta hipoproteica 3% impactou na fecundidade de fêmeas de S. mansoni, uma vez que houve uma redução na postura de ovos no intestino de animais que receberam essa dieta. Em animais do grupo HPT 3%, após a infecção, não se detectou aumento nos níveis de TNF-α. A restrição de lipídios na dieta aumentou a produção de IL-2 e IL-17, em camundongos do grupo HPL 2,5% e de IL-10 no grupo HPL 5%, com relação ao CTL. Além disso, os resultados mostraram que a dieta hipoproteica 3% induziu um quadro de DPE em camundongos, os quais apresentaram alterações características desse quadro de carência nutricional. Portanto, os dados deste trabalho demonstram que se estabeleceu um modelo de DPE, com a utilização da dieta hipoproteica 3%, a qual será utilizada em um próximo passo para avaliar o impacto da desnutrição no desenvolvimento da resposta imune protetora induzida pela vacinação com o antígeno Sm14 do Schistosoma mansoni.