O poder e o dispositivo: hospital psiquiátrico na contemporaneidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Malamut, Bernardo Salles
Orientador(a): Modena, Celina Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/6266
Resumo: Esta dissertação versa sobre a negociação de poder entre médicos psiquiatras e pacientes usuários de um serviço público de saúde mental. Pautados na teoria da analítica do poder de Michel Foucault, autor de referência nesse campo, investigamos como circula o poder nos atos terapêuticos exercidos pelos médicos entrevistados, bem como na relação do hospital com os outros serviços da rede de atenção à saúde mental. O estudo foi realizado em um hospital psiquiátrico da rede de atenção à saúde mental pública de Minas Gerais. A escolha por este tipo de serviço, dentre outros na rede pública, se deu uma vez que os dados históricos e a literatura atestam terem sido, os hospitais psiquiátricos, os maiores alvos de critica numa época de uma psiquiatria disciplinar. Há ainda a importante constatação da permanência desse tipo de serviço em todo país, apesar de todos os esforços para que fosse substituído. O movimento da reforma psiquiátrica – fenômeno histórico que engendra novas teorias e práticas – surge como uma resposta política e epistêmica a essa psiquiatria e seu dispositivo mais evidente, o hospital. Uma das mais fundamentais propostas da reforma psiquiátrica é a de subverter as relações disciplinares da psiquiatria para com a loucura. Essa investigação qualitativa, feita por meio de entrevistas semiestruturadas com médicos psiquiatras, focou-se finalmente na permanência de atos violentos – que foram analisados através do conceito de violência em Hannah Arendt –, e na importância do dispositivo hospital na prática de uma psiquiatria que insiste em permanecer asilar. Encontrou-se fundamentalmente duas transformações: a passagem do cárcere hospitalar para uma antinomia de funcionamento da rede; e o exercício do poder psiquiátrico não mais como produtor de exclusões sistemáticas, mas de subjetivações normativas. Conclui-se que a loucura continua encarcerada no discurso médico e verifica-se a necessidade da reforma psiquiátrica de inventar novas formas de subjetivação.