Resumo: |
O câncer, devido a sua gravidade e mortalidade, tem sido considerado um problema de Saúde Pública. Quando esta doença afeta crianças e adolescentes, apresenta particularidades quanto aos sintomas inicias semelhante a diversas outras enfermidades dificultando o diagnóstico precoce. Além da terapêutica visando o melhor prognostico, compreender as repercussões psicossociais é também fundamental para a produção de estratégias e intervenções mais adequadas. Desta forma, a pesquisa teve como objetivo compreender as repercussões psicossociais do câncer infanto juvenil segundo a percepção de pacientes e cuidadores e construir um material educativo. Para a apreensão das vivências de pacientes foi aplicada a técnica projetiva (desenho). Esta possibilita identificar por meio da projeção, os conteúdos simbólicos e/ou inconscientes. Posteriormente realizou-se entrevista aberta a respeito de um desenho produzido. Já os cuidadores verbalizaram sua experiência sobre o itinerário terapêutico e sua percepção em relação ao paciente por meio de entrevistas semiestruturadas. O número de entrevistados obedeceu ao critério de saturação e as falas foram categorizadas segundo análise de conteúdo. Os dados dos pacientes e cuidadores, associados à exploração de literatura da área possibilitou a construção de um brinquedo terapêutico (BT)composto por dois bonecos, um de tom cru e outro amarronzado, diversas vestimentas e rostos com expressões faciais diferenciadas. Os resultados sinalizaram a saga em busca da descoberta da doença e o diagnóstico errôneo como principal barreira que delonga o início do tratamento adequado. A vivência da doença apresentou-se como momento marcante na vida do paciente e por vezes assustador representado por meio de desenhos acromáticos. A técnica projetiva utilizada mostrou-se como ferramenta apropriada para compreender a experiência da doença, além de ser economia e pouco invasiva. Segundo a percepção dos cuidadores,os pacientes possuem oscilações no humor e motivação, bem como podem manter-se mais reflexivos, uma vez que a doença incita o questionamento sobre a finitude da vida. Em relação ao brinquedo terapêutico foi produzido um estudo piloto o qual demonstrou ser uma tecnologia em saúde que promove a ressignificação do adoecer e possibilita o diálogo considerando o cuidado atraumático. O estudo aprofundado do BT se torna necessário para descobrir outras possibilidades do instrumento. Notou-se que ainda há diversas lacunas na assistência infanto juvenil que devem ser minimizadas a fim de proporcionar redução das repercussões negativas da doença, uma melhor qualidade de vida e suporte humanizado ao paciente e cuidadores. |
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