Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Fernandes, Rosilainy Surubi |
Orientador(a): |
Oliveira, Ricardo Lourenço de |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/20707
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Resumo: |
O vírus Zika (ZIKV) causou uma grave epidemia no Brasil entre 2015 e 2016, tendo, subsequentemente, se tornado endêmico tanto no território brasileiro quanto em países tropicais e subtropicais das Américas. O ZIKV pode ser transmitido entre humanos, porém acredita-se que a transmissão vetorial desempenhe o principal papel na sua disseminação. O mosquito Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762) é considerado o vetor primário do ZIKV no ambiente urbano e suburbano. Porém, a gravidade da epidemia e a velocidade da dispersão viral, levaram à suspeita de que outros mosquitos antropofílicos e muito frequentes no ambiente domiciliar, como Culex quinquefasciatus (Say, 1823) pudessem estar associado à esta transmissão. Na região Nordeste (NE) do país, epicentro da epidemia de casos de microcefalia e malformações congênitas associadas ao ZIKV, este vetor é amplamente disseminado. Diante dessa possibilidade, mudanças consideráveis necessitariam ser feitas quanto às estratégias de controle da transmissão vetorial frente às diferenças na biologia do Ae. aegypti e do Cx. quinquefasciatus. Este trabalho objetivou avaliar a competência vetorial de populações destes mosquitos de diferentes regiões do Brasil, desafiados com distintos isolados brasileiros do ZIKV. Inicialmente, quatro populações de Cx. quinquefasciatus do Rio de Janeiro/RJ foram desafiadas oralmente com ds de ZIKV (ZIKVRio-U1 e ZIKVRio-S1), isoladas de pacientes também do RJ e na mesma época em que as colônias desses mosquitos foram geradas Em um segundo momento, desafiamos, comparativamente, populações de Cx. quinquefasciatus de áreas nordestinas (Campina Grande/PB e Recife/PE) com cepas de ZIKV também isoladas do NE [Recife/PE (ZIKVPE243)] e do Sudeste [Rio de Janeiro/RJ (ZIKVRio-U1 e ZIKVRio-S1) e São Paulo/SP (ZIKVSPH2015)]. Populações de Ae. aegypti de diferentes áreas do Rio de Janeiro (Urca, Manguinhos, Triagem) foram testados simultaneamente com as mesmas cepas virais. Amostras do corpo, cabeça e saliva dos mosquitos foram examinadas ao 7º, 14 e 21º dias pós-infecção, para a determinação, respectivamente, das taxas de infecção, disseminação e transmissão. A identificação viral foi realizada por inoculação em cultura de células Vero e qRT-PCR. Todas as populações de Cx. quinquefasciatus se mostraram incapazes de transmitir o ZIKV, independente da origem do vírus testado. Em contraste, mosquitos Ae. aegypti do Rio de Janeiro revelaram elevadas taxas de infecção, disseminação e transmissão, sendo capazes de transmitir o vírus a partir do 14º dpi. Em um terceiro momento, avaliamos a competência vetorial de Ae. aegypti alimentados diretamente em dois macacos rhesus (Macaca mulatta) em diferentes momentos durante o curso de sua infecção experimental com um cepa de ZIKV isolada de sangue humano no Espírito Santo/ES Os mosquitos só se infectaram ao picar um dos animais no 2º dia após a inoculação, quando seu soro apresentava carga viral de 1,3 x 104 PFU/mL, exibindo baixa taxa de infecção e nenhuma disseminação até 14 dpi. Porém, quando desafiados oralmente através de alimentador artificial e com títulos virais mais elevados (106, 107 e 108 PFU/mL), os mosquitos apresentaram taxas de infecção bem mais baixas (15%) quando desafiados com título de 106 PFU/mL, comparados com títulos elevados: 107 (70%) e 108 (100%). Os resultados indicam que a infecção oral de Ae. aegypti é dose dependente e que a prevenção e o controle da transmissão vetorial de ZIKV no Brasil devem focar em esforços contra esse mosquito, o único até agora confirmado como vetor natural e com elevada competência vetorial demonstrada experimentalmente |