Tuberculose extrapulmonar: aspectos clínicos e terapêuticos em indivíduos com e sem infecção pelo HIV

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Queiroz, Edna Maria de
Orientador(a): Rolla, Valéria Cavalcanti, Costa, Marli Jane Martins da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/5619
Resumo: A tuberculose é uma doença antiga e curável que permanece como um dos maiores problema de saúde pública no mundo. Um aumento na incidência coincidiu com a pandemia de HIV/AIDS. Como conseqüência, observou-se um aumento das formas extrapulmonares e disseminadas, mais freqüentes em indivíduos HIV+. Esse estudo visa descrever as formas exclusivamente extrapulmonares de tuberculose, suas características clínicas e desfechos terapêuticos em pacientes com e sem a infecção pelo HIV. A coleta de dados foi retrospectiva, longitudinal, baseada na revisão dos protocolos de atendimento do ambulatório de tuberculose do Instituto de Pesquisa Evandro Chagas - FIOCRUZ. Todos os pacientes com diagnóstico de tuberculose extrapulmonar no período de janeiro de 2003 até dezembro de 2006 foram incluídos. Foram excluídos os pacientes com mais de dois sítios extrapulmonares não contíguos e as formas disseminadas clássicas. A análise dos dados foi descritiva e em algumas situações foram comparados subgrupos através do teste do λ2 ou Mann-Whitney. Foram selecionados 89 pacientes sendo 56,2% HIV negativo, com predomínio do sexo masculino, solteiros, idade <40 anos, raça não branca, baixa escolaridade, renda até 3 salários mínimos, habitantes de casas de alvenaria, sem presença de aglomeração no domicílio, moradores da baixada fluminense e sem fatores de risco aparentes para tuberculose, porém relatavam relações sexuais desprotegidas. Nenhum paciente relatou tratamento anterior para a infecção latente ou tuberculose. O tabagismo foi revelado por 20,7% dos indivíduos, o uso de drogas intravenosas por 2,2 e o alcoolismo por 11%. As doenças pregressas mais freqüentes foram as alergias (21,1%), doenças digestivas (14%), cirurgias (26,7%) câncer/terapia com imunossupressores (5,6%). As co-morbidades mais freqüentes foram: hipertensão arterial (15,5), hepatite (9,8%), diabetes mellitus (4,2%), e doença renal (4,2%). As formas clínicas mais freqüentes foram: ganglionar (56,2%), pleural (12,4%), oftálmica (10,1%), cutânea (7,9%). A sintomatologia variou segundo o sítio. O teste tuberculínico foi positivo na maioria dos pacientes,e os HIV negativos apresentaram menos reação ao teste que os demais nas formas ganglionares (χ2, p=0,03). O diagnóstico de tuberculose foi baseado em critério histopatológico em 59,5%, O diagnóstico por cultura foi possível em 34% dos casos. A carga bacilar foi pequena (< 1+) em 18% das realizadas e observamos a cultura negativa em 72%. O HbsAg foi evidenciado em 18,3% dos casos e a sorologia para hepatite C foi positiva em 6,4%. A maioria dos pacientes (95,6%) foi tratada com esquema I ou I-R. O tempo de tratamento foi mais longo nos casos de tuberculose cutânea que nos demais (M-W, p=0,07). A resistência às drogas anti-tuberculose foi observada em 2 casos. Os eventos adversos foram freqüentes (88,7%) e 22,1% dos casos precisaram interromper o tratamento da tuberculose. A cura foi obtida na maioria dos casos e foi limitada pelo abandono (18%) principalmente em pacientes soronegativos. Um óbito ocorreu em paciente co-infectado com o HIV. As formas exclusivamente extrapulmonares apresentam características demográficas e epidemiológicas diferentes das formas pulmonares, são paucibacilares e de difícil diagnóstico, a cura foi obtida na maioria dos casos e foi limitada pelo abandono. O percentual de óbitos foi baixo.