Patrulheiros das estradas: condições de trabalho e saúde na Polícia Rodoviária Federal do Estado do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Evangelista, Daniel Washington
Orientador(a): Silva, Cosme Marcelo Furtado Passos da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/59246
Resumo: A Polícia Rodoviária Federal, responsável pela segurança das rodovias, é uma instituição pouco estudada no Brasil e carece de dados sobre sua realidade. Objetivos. A presente pesquisa buscou identificar o perfil sociodemográfico dos policiais rodoviários federais (PRF) e analisar suas condições de saúde e de trabalho na Polícia Rodoviária Federal do Estado do Rio de Janeiro. Investigou ainda a relação entre essas condições de trabalho e o sofrimento psíquico desses trabalhadores. Materiais e métodos. Para alcançar os objetivos propostos foi aplicado um questionário, de livre participação e anônimo, que após autorização da PRF e aprovação do comitê de ética em pesquisa da Fiocruz, foram enviados ao correio eletrônico dos 821 policiais rodoviários federais do Rio de Janeiro entre agosto a novembro de 2019. Desses, 214 responderam questões sobre o perfil sociodemográfico e profissional, as condições de trabalho e de saúde, além das escalas de apoio social e de sofrimento psíquico. Foram realizadas análises de frequências, medidas de resumo e associações através da regressão logística. As variáveis de p-valor ˂ 20,0% foram selecionadas para o modelo de regressão logística, através do método backward até restarem as varáveis que compuseram o modelo final, cuja variável resposta era o sofrimento psíquico. Resultados. Observou-se o predomínio de policiais do sexo masculino, de cor da pele branca, casados, com idade entre 36 a 45 anos e com formação superior. A maioria desempenha funções operacionais, trabalha em escala de 24 horas, 38,8% trabalham de 11 a 15 anos na polícia. e 35,0% gostariam de iniciar nova carreira. Em termos materiais, itens como banco de dados, qualidade da munição, colete e máscara de gásforam bem avaliados, com notas entre 6,0 a 7,0 em 10,0. Enquanto o material de fiscalização de trânsito e a qualidade da arma de fogo receberam as piores avaliações, cujas notas foram abaixo de 3,1. A ausência de equipamentos (91,0%), falta de apoio do poder público (89,1%), o salário (82,6%) e a legislação (80,2%), são os principais obstáculos identificados pelos policiais para o seu desempenho no trabalho. Os principais agravos à saúde dos policiais foram as dores no pescoço e coluna (64,9%), dificuldades visuais (59,1%), rinite alérgica (46,4%), cefaleia (37,1%), sinusite (36,7%), doenças musculares (35,5%), hérnia de disco (32,2%), torção/luxação (24,8%), dor nervo ciático (21,7%), hipertensão (21,3%), doenças ósseas (19,3%) e indigestão (17,6%). Para os policiais o risco à sua integridade é total (100,0%) e se estende às suas famílias (92,4%). As principais vitimizações não letais foram a agressão verbal (33,0%), quedas (18,0%) e tentativas de homicídio (13,3%). O sofrimento psíquico atinge 36,6% dos policiais participantes. Os fatores associados ao sofrimento psíquico no modelo final foram a presença de filhos, possuir médio ou baixo apoio social, sentir-se insatisfeito ou nem satisfeito, nem insatisfeito com o trabalho, sentir dores de cabeça frequente ou enxaquecas e hérnia de disco ou dor ciática. Os resultados comprovaram a necessidade da PRF direcionar seu olhar para seus policiais, na criação e manutenção de elementos avaliativos da estrutura e controle do processo de trabalho, além da saúde dos policiais. Para tal fim, o estímulo e apoio a pesquisa é essencial aprofundar o debate dos achados dessa pesquisa.