Estudo do Efeito da Minociclina no Dano Cognitivo Associado a Malária Cerebral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Moreira, Emílio Telles de Sá
Orientador(a): Faria Neto, Hugo Caire de Castro, Reis, Patrícia Alves
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/25146
Resumo: A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Plasmodium e é transmitida aos humanos durante o repasto sanguíneo de fêmeas do mosquito Anopheles spp. O continente africano concentra o maior número de casos, a maior taxa de mortalidade e é onde há a maior incidência de infecções pela espécie P. falciparum que é a responsável pelo desenvolvimento do quadro de malária grave onde observamos a malária cerebral que é a pior complicação da malária grave, causando quadros de encefalopatia não-traumáticas em áreas endêmicas, levando ao desenvolvimento de sequelas potencialmente permanentes, como alterações neurocognitivas. Durante a malária cerebral há o aumento na produção de mediadores inflamatórios, produção de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, recrutamento de células do sistema imune, eventos de isquemia e reperfusão, comprometimento da barreira hematoencefálica, neuroinflamação, morte neuronal e ativação de células da micróglia, desempenhando papel importante na inflamação e no dano tecidual. No presente estudo foram utilizados animais C57/Black 6, infectados com o Plasmodium berghei ANKA (PbA) para o desenvolvimento dos eventos neuroinflamatório associados à malária cerebral experimental (MCE). Para avaliarmos o papel da ativação da micróglia durante a MCE, foi utilizado o fármaco minociclina que é um antibiótico da família das tetraciclinas com propriedades anti-inflamatórias e capaz de inibir a ativação da micróglia em perfil próinflamatório. Os eventos neuroinflamatórios foram avaliados por meio dos experimentos de injeção de Azul de Evans, PCR em tempo real e Western blotting A ativação das células da microglia foi avaliada por imuno-histoquímica com marcação para Iba-1 e a formação do dano cognitivo foi avaliado pelos ensaios comportamentais de Freezing e Water-Maze. A partir da metodologia desenvolvida, foi demonstrado que durante a malária cerebral experimental observamos os eventos de comprometimento da barreira hematoencefálica, ativação de células da micróglia, aumento da expressão de TNF-\03B1, iNOS, aumento na ativação de caspase-3 e observamos o desenvolvimento do dano cognitivo a longo prazo \2013 quinze dias após a infecção com PbA. Entretanto, o tratamento com minociclina foi capaz de modular negativamente a ativação da micróglia em um perfil pró-inflamatório, reduzindo a expressão de TNF-\03B1, iNOS e prevenindo a formação da sequela cognitiva. Também demonstramos que a minociclina não alterou a expressão de arginase-1, marcador do perfil de ativação M2. Os dados sugerem que as células da micróglia possuem papel importante nos eventos neuroinflamatórios durante a malária cerebral e a modulação da resposta da micróglia, com o uso de minociclina, foi eficaz no tratamento da neuroinflamação e na prevenção da formação do dano cognitivo a longo prazo