Medicina tropical no Brasil: Evandro Chagas e os estudos sobre a Leishmaniose Visceral Americana na década de 1930

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Gualandi, Frederico da Costa
Orientador(a): Kropf, Simone Petraglia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Casa de Oswaldo Cruz
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/18984
Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar as pesquisas de Evandro Chagas (1905-1940) e seus colaboradores sobre a leishmaniose visceral americana entre os anos de 1934 e 1940. Tais pesquisas estiveram referidas ao processo de institucionalização da medicina tropical no Brasil, associada ao programa de ações de saúde pública que visava ao saneamento rural na década de 1930, em continuidade ao ideário e à agenda que havia marcado o chamado movimento sanitarista da década de 1910. O médico e pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) Evandro Chagas, filho do renomado cientista e também pesquisador do IOC Carlos Chagas (1878-1934), desenvolveu estudos que afirmaram ser a leishmaniose visceral encontrada na América do Sul uma doença específica deste continente, diferente das outras leishmanioses viscerais até então conhecidas: o kala-azar infantil do Mediterrâneo e o kalaazar indiano. As pesquisas sobre a leishmaniose visceral americana constituíram fase decisiva da trajetória profissional de Evandro Chagas e foram a origem do Serviço de Estudos de Grandes Endemias (SEGE), criado por ele em 1937 no IOC para estudos não apenas sobre a leishmaniose mas também sobre outras doenças endêmicas em diversas localidades do interior do país. Utilizando como fontes as cartas trocadas entre Evandro Chagas e os membros de sua equipe, seus diários e relatórios de trabalho, bem como seus discursos e publicações científicas, a dissertação analisa o processo de produção dos enunciados científicos sobre a nova enfermidade, que para Evandro Chagas e sua equipe constituía uma nova descoberta da medicina tropical de Manguinhos. Buscamos identificar as estratégias e procedimentos de pesquisa utilizados por estes cientistas para estabelecer a definição da doença como entidade nosológica peculiar ao continente americano e, ao mesmo tempo, as controvérsias que tais enunciados produziram no meio científico da época. Com base nas formulações de Charles Rosenberg sobre a dimensão social das doenças e os processos históricos de seu "enquadramento" enquanto entidades específicas, coletivamente aceitas enquanto tal, pretende-se contribuir para as reflexões no campo da história das ciências e da saúde a respeito dos processos histórico-sociais pelos quais o conhecimento médico-científico é produzido, como fruto de disputas e acordos coletivos.