Impacto da infecção com o vírus dengue 2 no comportamento alimentar, longevidade e fecundidade de fêmeas de Aedes aegypti

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Ribeiro, Gabriel Sylvestre
Orientador(a): Freitas, Rafael Maciel de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Oswaldo Cruz
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/6914
Resumo: O vírus da dengue é transmitido nas Américas por mosquitos Aedes aegypti. Este é adquirido através da picada em um hospedeiro em viremia e passa por intensa replicação em diferentes tecidos do inseto até tornar-se transmissível, após as partículas virais atingirem a luz das glândulas salivares. A partir deste momento o vírus pode ser inoculado, juntamente com a saliva, em todos os hospedeiros suscetíveis nos quais a fêmea se alimentar. Supõe-se que o vírus da dengue gere efeitos negativos sobre a biologia do mosquito, diminuindo o fitness dos indivíduos infectados. Apesar dos avanços recentes no conhecimento acerca de sua capacidade vetorial, ainda existem muitas lacunas na interação mosquito-vírus no par Ae. aegypti/dengue. Desta maneira, nosso objetivo é avaliar o impacto da infecção por DENV-2 no hábito alimentar do mosquito Ae. aegypti e, adicionalmente, monitorar a sobrevivência, longevidade, sucesso de oviposição e fecundidade de insetos infectados e controles. Duas populações foram testadas: Paea, confinada em laboratório desde 1994, e uma população de campo, coletada com o uso de ovitrampas em Tubiacanga (RJ). Fêmeas das duas populações foram aleatoriamente selecionadas para receber sangue infectado com 2x10-8 partículas de DENV-2 ou sangue com sobrenadante de cultura de célula livre de vírus, constituindo o grupo controle. Após a infecção oral, as fêmeas que estavam visualmente ingurgitadas foram confinadas individualmente em tubos de plástico. Ao longo de cinco semanas monitoramos aspectos de sua biologia e capacidade vetorial, tais como sua sobrevivência, fecundidade e cinco parâmetros do comportamento alimentar: tempo de início, o tempo gasto na localização do hospedeiro (camundongo anestesiado); o número de provas, quantas vezes a fêmea insere e retira sua probóscide do corpo do hospedeiro; tempo de prova, que termina quando notamos a inflação abdômen; o tempo de ingestão, que vai até a repleção total e retirada da probóscide do corpo do hospedeiro; tempo total de alimentação, a soma dos tempos de início, prova e ingestão. Utilizando uma análise de risco, fomos capazes de observar que a infecção pelo DENV-2 não modificou o hábito alimentar das fêmeas de Ae. aegypti. Por outro lado, a sobrevivência e a fecundidade foram menores quando a fêmea estava infectada com DENV-2. Através de uma ANOVA, observamos a influência da infecção na longevidade (F = 20,75 , gl = 1, P = 0,0001). A curva de sobrevivência das fêmeas infectadas apresentou queda significativamente mais intensa que a dos seus pares não-infectados (χ2 = 16,5, gl = 1, P < 0,001). Em relação à fecundidade, fêmeas infectadas têm menor sucesso de oviposição, ou seja, menor probabilidade de colocar ovos (χ2 = 14,40, gl = 3, p = 0,0024). Além disso, as fêmeas infectadas fazem a postura de um número significativamente menor de ovos do que seus pares não infectados.