Processo de trabalho, saúde e qualidade de vida no trabalho em uma unidade de alimentação e nutrição: uma abordagem qualitativa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Colares, Luciléia Granhen Tavares
Orientador(a): Freitas, Carlos Machado de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4430
Resumo: A preocupação com a organização do trabalho tem sido uma constante desde o advento da administração científica, porém, recentemente, as empresas vêm dando atenção à satisfação do trabalhador na execução de suas tarefas como requisito para atingirem qualidade de vida, além de altos índices de produtividade. O presente estudo teve como objetivo investigar a dimensão do constructo “saúde e qualidade de vida no trabalho” em sua relação com o processo de trabalho. Optou-se pela realização da pesquisa no cotidiano organizacional (pesquisa exploratória de campo em um restaurante de uma universidade pública), utilizando-se como técnicas de coleta de dados a observação direta, a entrevista semi-estruturada e a realização de grupos focais. Procurando fazer uma leitura compreensiva da realidade do processo de trabalho, considerando não somente os componentes observáveis, mas também a dinâmica das relações na organização reconhecendo a subjetividade, optou-se por construir a temática tendo como referência o diálogo entre duas disciplinas: a Ergonomia da Atividade Humana e a Psicodinâmica do Trabalho. A partir dos resultados, pudemos constatar que a organização do trabalho no restaurante universitário representa uma atividade rotineira, aparentemente linear, cujas complexidades e exigências da situação de trabalho se dão com base em critérios prescritos pela instituição (que orienta a tomada de decisão). A variabilidade das atividades é influenciada, principalmente, pelos equipamentos, instrumentos e materiais (gêneros e outros) disponíveis, gerando improvisos na produção de refeições. Esses improvisos requerem dos trabalhadores um custo tanto físico como psíquico, fazendo com que os mesmos estabeleçam estratégias defensivas para minimizar o sofrimento no trabalho. A partir das falas dos trabalhadores, verificamos que a insatisfação dos mesmos durante a realização do trabalho provém, principalmente, do estilo de supervisão e do relacionamento com os chefes imediatos, fazendo com que isso repercuta negativamente na qualidade de vida no trabalho e na produtividade. Mesmo com as adversidades, os trabalhadores vivenciam experiência de prazer no trabalho, advinda principalmente da coesão do grupo. Os próprios trabalhadores propuseram mudanças na organização do trabalho fundamentadas em maior diálogo e confiança entre chefes e subordinados, para que a saúde e qualidade de vida no trabalho sejam melhoradas. A inter-relação das abordagens da Ergonomia e da Psicodinâmica do Trabalho nesta pesquisa possibilitou o estabelecimento de um diálogo enriquecedor entre as duas disciplinas, permitindo identificar as contribuições e os limites da abordagem interdisciplinar no estudo da temática. Por fim, fica clara a necessidade da valorização do fator humano pela administração do restaurante universitário, e a evolução desse quadro dependerá de quanto espaço essa organização de trabalho oferecerá para que os trabalhadores exerçam sua criatividade, façam experimentações e transformem o ambiente de trabalho.