Trabalho e saúde de professores(as) de escola pública em território de violência armada: sobre cenas da vivência docente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Morais, Karla Barros de
Orientador(a): Souza, Kátia Reis de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49685
Resumo: A pesquisa analisa como os(as) professores(as) de uma escola pública situada na região de Manguinhos, no Rio de Janeiro, vivenciam no cotidiano laboral modos de resistências e defesa da saúde frente às adversidades do território e seu entorno decorrentes da violência. Nesse sentido, adotou-se a seguinte questão de pesquisa: Qual é a visão de professores(as) de escola pública sobre trabalho e saúde em território de violência armada? A perspectiva histórica dos sujeitos foi incorporada à pesquisa, tomando como campo de estudo e observação a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, sob a ótica, coletiva, da Saúde do(a) Trabalhador(a). Dessa forma, ao estudar a categoria de professores(as), reafirmou-se a importância da coesão e motivação para a luta diária pela vida, bem como o reconhecimento de que seu ponto de vista possui papel capital na compreensão das condições de trabalho e saúde nas quais estão inseridos(as). Sendo assim, como método de apreensão da realidade, foram realizadas oito entrevistas semiestruturadas, seguindo-se a técnica “bola de neve”. A interpretação dos dados da pesquisa foi feita através da Análise de Conteúdo (AC), que consiste na identificação dos principais temas, categorização e interpretação dos materiais de campo. Desse modo, quatro temas foram extraídos: Guerra e trabalho docente; A saúde e o sentimento de quem luta; Resistências, novas normas de vida e estratégias de defesa; e Soluções e possíveis saídas. Os resultados apontam que há repercussão da violência armada do território na vida dos(as) professores(as) e que o confronto entre grupos armados é o principal motivo que os(as) deixam em estado de alerta frequente. A naturalização dos eventos violentos, o plano de contingência da escola, a procura por suporte profissional e a rede de solidariedade criada em resposta aos impactos da violência armada foram apreendidos como estratégias de defesa. O diálogo entre escola, comunidade e autoridades de segurança pública do Rio de Janeiro foi citado como a principal saída para o problema. Constatou-se que qualificar a violência contra o(a) trabalhador(a) está associado a compreender a inter-relação entre contexto social, contexto de território e o ambiente de trabalho. Recomenda-se adotar o tema da violência armada e desigualdade social ao currículo escolar como proposta. Espera-se oportunizar o diálogo entre professores(as) e comunidade acerca da realidade de trabalhadores(as) do território de Manguinhos, visando fornecer subsídios para a elaboração de políticas públicas de modo a favorecer os(as) trabalhadores(as) de escolas públicas.