Análise ecológica multinível dos casos de AIDS nos municípios brasileiros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Hacker, Mariana de Andréa Vilas Boas
Orientador(a): Bastos, Francisco Inácio Pinkusfeld Monteiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4509
Resumo: A epidemia de AIDS no Brasil vem se disseminando dos maiores centros urbanos para municípios de médio e pequeno porte, onde a disponibilização e monitoramento de intervenções preventivas e tratamento constituem desafios relevantes. Os usuários de drogas injetáveis (UDI) desempenham um papel relevante na epidemia de HIV/AIDS no Brasil e em diversos outros países. Os UDI funcionariam como uma “ponte” na disseminação do HIV para outras populações, por estarem duplamente expostos à transmissão parenteral e sexual e devido à sua estreita interação com não-usuários. A importância dos determinantes econômicos e sociais vem sendo reconhecida, e têm recebido atenção em estudos epidemiológicos relativos à distribuição e determinantes da dinâmica do HIV e demais infecções sexualmente transmissíveis. Considerando a grande heterogeneidade da epidemia brasileira, as desigualdades sociais, as desigualdades no acesso e infra-estrutura médica nas diferentes regiões do Brasil, faz-se oportuno identificar indicadores relacionados aos diferenciais de magnitude e extensão da epidemia de AIDS nos diferentes municípios brasileiros, ao longo do tempo. A análise dos casos de AIDS registrados entre UDI nos municípios brasileiros (1984 - 2000) identificou os indicadores “número de médicos por habitante” e “distância-padrão da capital do respectivo estado” como associados à taxa de incidência de AIDS entre UDI, evidenciando que os casos de AIDS entre UDI parecem se concentrar em municípios mais ricos e bem equipados. Na análise dos casos de AIDS registrados entre heterossexuais nos municípios da região Sul do país os indicadores “Índice de Desenvolvimento Humano” (IDH) e a “Proporção de moradores que tem acesso a instalações sanitárias” se mostraram inversamente associados à taxa de AIDS entre heterossexuais. A taxa de incidência de AIDS entre UDI se mostrou positivamente associada à taxa de AIDS entre heterossexuais. Os achados demonstram a importância do papel da desigualdade/pobreza e o papel dos UDI como uma “população-ponte” na disseminação do HIV/AIDS nos municípios do Sul do Brasil. Esses resultados refletem a tendência de “pauperização” e “interiorização” da epidemia no Brasil. Políticas públicas devem ser direcionadas de acordo com as especificidades sociais e regionais, especialmente num país de vasta dimensão e marcado pelos contrastes sociais, como o Brasil.