A dinâmica da epidemia pelo HIV/AIDS entre usuários de drogas injetáveis no Rio de Janeiro, Brasil: o papel dos novos injetadores e antigos injetadores

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Hacker, Mariana de Andrea Vilas Boas
Orientador(a): Bastos, Francisco Inácio Pinkusfeld Monteiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4910
Resumo: Recentemente, tem sido observado um declínio substancial das taxas de prevalência para a infecção pelo HIV entre usuários de drogas injetáveis (UDI) em diferentes cidades brasileiras, incluindo o Rio de Janeiro. Os “novos injetadores” (aqueles que iniciaram mais recentemente o uso injetável de drogas) representam um elemento central na dinâmica do HIV em populações de UDI e podem contribuir para uma melhor compreensão do recente declínio da epidemia nessa população. Com o objetivo de avaliar os fatores de risco e mensurar as taxas de infecção pelo HIV entre novos (aqueles que iniciaram o uso injetável de drogas há menos de 6 anos) e antigos injetadores (aqueles que iniciaram o uso injetável há mais de 6 anos) foram analisados os dados de 609 UDI/ex-UDI recrutados (através da metodologia de “target sampling”) na cidade do Rio de Janeiro entre outubro de 1999 e dezembro de 2001 pela pesquisa OMS-Fase II. Foi encontrada uma taxa de prevalência de 11,7% para os 309 antigos injetadores (IC95% 8,1-15,3) e 4,3% para 300 novos injetadores (IC95% 2,0-6,6). Os novos injetadores relataram procurar mais freqüentemente tratamento para o uso de drogas e obter seringas novas em programas de trocas de seringas do que os antigos injetadores nos últimos 6 meses. No entanto, os novos injetadores relataram compartilhar seringas mais freqüentemente do que os antigos injetadores. Para os novos injetadores masculinos foi evidenciado o seguinte fator de risco independentemente associado à infecção pelo HIV: “relação sexual com outro homem” (ORA=10,38; IC95% 2,15-49,99). Para os antigos injetadores masculinos os seguintes fatores: “relação sexual com parceiro principal do sexo oposto” (ORA=0,23; IC95% 0,09-0,60), “ter injetado com alguém infectado pelo HIV” (ORA=7,84; IC95% 1,91-32,17), e “ter sido preso” (ORA=3,59; IC95% 1,35-9,55) se mostraram independentemente associados à infecção pelo HIV. Novos e antigos injetadores diferem em termos de seus respectivos fatores de risco e taxas de prevalência para a infecção pelo HIV (mais baixas entre os novos injetadores). Essas diferenças podem ajudar a entender o declínio da epidemia nessa população e orientar estratégias preventivas e de tratamento apropriadas para esses dois grupos de UDI.