Papel regulatório da Anexina-1 e de seu derivado Ac2-26 no modelo murino de silicose aguda

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Trentin, Patrícia Gonçalves
Orientador(a): Martins, Patrícia Rodrigues Machado e Silva, Martins, Marco Aurélio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/6271
Resumo: A silicose, uma doença ocupacional causada pela inalação de partículas de sílica cristalina, é caracterizada por intensa resposta inflamatória seguida de fibrose e formação de granulomas, e até o momento permanece sem tratamento efetivo. O processo inflamatório é regulado fisiologicamente por agentes antiinflamatórios endógenos que são capazes impedir a sua exacerbação. Glicocorticóides endógenos, cuja parte de suas ações antiinflamatórias são mediadas pela proteína anexina-1 (ANX-1), fazem parte desse contexto. No presente estudo, investigamos o papel da proteína ANX-1, e de seu derivado peptídico Ac2-26 (50 - 200 µg), na fase aguda da silicose. O esteróide clássico, dexametasona (25 µg; Dexa), foi utilizado como controle. A instilação intranasal de sílica (10 mg) em camundognos Swiss- Webster desencadeou a ocorrência de aumento no nível basal de resistência e elastância pulmonar, e hiperreatividade das vias aéreas ao agente colinérgico metacolina. Este quadro mostrou-se associado um intenso infiltrado inflamatório e deposição de colágeno, com formação de granulomas. O tratamento com Ac2-26 inibiu acentuadamente o infiltrado leucocitário, a deposição de colágeno e a formação de granulomas nos animais silicóticos, condições que foram apenas parcialmente afetadas pela Dexa. A geração de citocinas (TNFαe TGFβ) e quimiocinas (KC e MCP-1) foi reduzida pelo peptídeo, porém não pela Dexa. O aumento da resistência e da elastância pulmonar, assim como a hiperreatividade à metacolina, foram inibidos tanto pelo peptídeo comopela Dexa. In vitro, os fibroblastos pulmonares estimulados com IL-13 e TGFβtiveram a produção de colágeno e MCP-1 inibida pelo peptídeo Ac 2-26, resposta dependente de sua ação em receptores FPR1 e FPR2. A proliferação celular não foi afetada pelo peptídeo. De forma paralela, vimos que os animais nocautes para a proteína ANX-1 e silicóticos apresentaram intensificação do infiltrado inflamatório, deposição de colágeno e produção de citocinas (KC, MIP-2 e TNFα) no parênquima pulmonar. A deficiência da ANX-1 não alterou a resistência pulmonar de animais silicóticos, porém a elastância mostrou-se exacerbada. Verificamos, ainda, que os animais nocautes para ANX-1 controles mostraram-se mais responsivos à estimulação com metacolina, porém não à serotonina, fenômeno verificado também quando da avaliação da resposta contrátil de anéis de traquéia ex-vivo. Em conjunto, nossos resultados mostram, de forma original, que o peptídeo Ac 2-26 foi capaz de inibir o componente inflamatório e fibrótico da fase aguda da silicose, indicando ser este um composto promissor para utilização no tratamento dedoenças inflamatórias fibróticas como a silicose. Além disso, demonstramos que a ausência da ANX-1 exacerbou a fase aguda da silicose, reforçando achados prévios que apontam para a atividade antiinflamatória desta proteína também ao nível de fisiopatologias pulmonares.