Avaliação temporal de aspectos relacionados à capacidade vetorial de populações de Aedes aegypti com diferentes perfis de resistência a inseticidas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: David, Mariana Rocha
Orientador(a): Freitas, Rafael Maciel de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Oswaldo Cruz
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/6931
Resumo: Considera-se que a resistência a inseticidas estaria associada a custos na aptidão dos indivíduos resistentes, uma vez que recursos energéticos seriam realocados para a produção e manutenção dos mecanismos responsáveis pela resistência. Neste contexto, este estudo visa avaliar temporalmente como alguns parâmetros biológicos relacionados à capacidade vetorial de A. aegypti estão associados à resistência aos inseticidas em populações provenientes de Campo Grande/MS (CG), Duque de Caxias/RJ (DC), Parnamirim/RN (PN) e Santarém/PA (ST). A variação temporal do perfil de resistência a temephos (organofosforado) e deltametrina (piretróide) foi monitorada a cada três meses, durante um ano, assim como algumas características biológicas deste mosquito. O tempo de desenvolvimento de larvas L1 até a fase adulta foi medido através da observação de 120 indivíduos de cada população e para cada mês. Além disso, observou-se o sexo, a tolerância ao jejum e comprimento de asa dos adultos resultantes. Com a finalidade de avaliar a sobrevivência e aspectos relacionados à fecundidade, 60 fêmeas adultas foram mantidas individualmente em tubos de plástico cilíndricos. Todos os experimentos foram realizados em paralelo com a linhagem Rockefeller, como controle ambiental. As populações das diferentes localidades e Rockefeller mostraram diferenças significativas para alguns dos parâmetros estudados, o que provavelmente reflete a adaptação às condições ambientais locais e ao laboratório, respectivamente. As fêmeas apresentaram menor tolerância ao jejum que os machos. Há evidências de que a resistência a ambos os inseticidas esteja negativamente correlacionados com algumas das características biológicas avaliadas para todas as populações, sugerindo uma menor aptidão dos indivíduos resistentes na ausência dos inseticidas. Mosquitos da CG apresentaram menor tolerância ao jejum (~ 72h para fêmeas e 111h para os machos), tamanho de asa e sucesso de oviposição (muitas fêmeas não puseram ovos) associados à maior resistência a deltametrina. População DC parece ser a mais afetada pela resistência a inseticidas, já que o desenvolvimento larval, tolerância ao jejum (~ 66h para fêmeas e 116h para os homens), tamanho da asa, sobrevivência (~ 15 dias) e fecundidade (apenas durante a primeira semana de experimentos) de fêmeas adultas foram associados à resistência ao temephos. Considerando PN, a sobrevivência de fêmeas adultas de Ae. aegypti variou de acordo com a resistência ao temephos (~ 23 dias), enquanto isso, o sucesso de oviposição (para a primeira semana de monitoramento) e a fecundidade foram, aparentemente, associados à resistência à deltametrina. Há evidências de que o tempo de desenvolvimento e a fecundidade de ST estejam associados à resistência ao temephos, bem como a tolerância ao jejum (~79h para fêmeas e 116h para os machos) e comprimento de asas pareceram variar de acordo com a resistência à deltametrina. Estas observações suportam a hipótese de que a resistência a inseticidas é positiva durante as intervenções baseadas no controle químico, por exemplo. No entanto, na ausência destes compostos, a resistência pode resultar em custos sobre a aptidão dos indivíduos resistentes, o que reforça a hipótese de que a resistência aos inseticidas possa alterar capacidade vetorial de mosquitos.