Soroprevalência de Bartonella sp., Coxiella burnetii e Hantavirus em Pessoas que Injetam Drogas Ilícitas no Estado do Rio de Janeiro nos anos de 1999 a 2001

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Silva, Anamaria Szrajbman Vaz da
Orientador(a): Lemos, Elba Regina Sampaio de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/12068
Resumo: O aumento do consumo de drogas ilícitas na atualidade vem acompanhado não apenas do impacto social e econômico, como também na saúde. As pessoas que injetam drogas apresentam maior susceptibilidade a infecções por diversos agentes, devido ao uso da droga e à subsequente imunossupressão, como também pelo risco de maior exposição a agentes transmitidos por artrópodes e reservatórios vertebrados em ambientes insalubres. São muitos os estudos correlacionando o consumo de drogas à infecção pelo HIV, VHB e VHC, porém raros investigam outros agentes. No presente estudo transversal e retrospectivo, selecionamos aleatoriamente 300 amostras de um estudo multicêntrico da década de 1990 e fizemos a pesquisa sorológica para Bartonella spp., Coxiella burnetii e Hantavirus. O perfil demográfico e social encontrado mostrou-se em concordância com a literatura: homens, jovens, de baixa renda e com histórico de prisão. A maior parte apresentava situações de risco por injetar drogas com dispositivos previamente usados e por injetar em local público. Alguns fatores foram discordantes da literatura internacional e podem ter influenciado os resultados, uma vez que são considerados situações de risco, como escassez de pessoas que injetaram drogas enquanto presas, que residem em instituições, ou sem-teto A evidência de infecção por C. burnetii foi de 9,3%, praticamente o dobro da observada na população geral brasileira, embora, em comparação com dados internacionais, a prevalência tenha sido menor. Não houve diferença estatística significativa em relação às variáveis demográficas entre os grupos sororeativos e soronegativos para febre Q. A presença de anticorpos anti-Bartonella foi de 1%, bem discrepante dos estudos nacionais e internacionais. Pode ser justificado pela não inclusão no teste sorológico de antígeno de B. elizabethae e de B. quintana e pela reduzida frequência de sem-tetos. Não houve correlação do alto consumo de álcool com maior soroprevalência por Bartonella spp., provavelmente pelos motivos acima citados. A soroprevalência para hantavirose de 4% foi semelhante à descrita em estudo brasileiro na população geral. Em relação aos usuários de drogas injetáveis, somente um artigo americano evidenciou uma soroprevalência bem menor, de 0,2%. Isso indica que em meios urbanos brasileiros, hantavírus, provavelmente o Seoul, pode estar circulando. Embora considerando que o estudo foi retrospectivo com base em evidência sorológica e que a possibilidade de reação cruzada não pode ser totalmente descartada, o presente estudo aponta para a importância de se incluir a pesquisa de outros agentes infecciosos além do HIV e dos vírus das hepatites B e C na população injetora de drogas