Revelando vozes, desvendando olhares: os significados do tratamento para o HIV/AIDS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Cunha, Cláudia Carneiro da
Orientador(a): Teles, Nair
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4713
Resumo: A dissertação aborda os significados do tratamento para o HIV/AIDS. O referencial metodológico é a pesquisa qualitativa e o campo de estudo o serviço de um hospital de referência da Baixada Fluminense. O grupo estudado foi de 10 mulheres vivendo com HIV/AIDS, em terapia antiretroviral (ARV). Os significados do tratamento se mostraram relacionados: ao diagnóstico HIV+ no pré-natal ou quando do nascimento do filho, diante da possibilidade ou não de protegê-lo da doença; ao momento do tratamento; ao espaço (público e privado) onde se vive preferencialmente a doença e o tratamento; ao fato de compartilhar ou não a doença e o tratamento com o parceiro e família; a busca de outras racionalidades, como a religião e os remédios alternativos; ao vínculo afetivo com o médico; a possibilidade de preservar as referências de vida anteriores ao diagnóstico. O(s) filho(s) é(são) são referido(s) pelas entrevistadas como o sentido da vida, havendo uma inter-relação estreita entre cuidar-se e cuidar dos filhos, tributário do tratamento ARV. O auto-cuidado é, antes de tudo, afirmação da vida. Não “ceder ao lugar de doente” é não se entregar à depressão, ruptura do cotidiano. A doença se materializa no corpo com o uso da medicação, mas é possível, apesar das dificuldades, conciliar a rotina com o tratamento ARV, o que é percebido como “ter saúde”, também pela ausência de “sintomas da doença”. O impacto da doença relaciona-se à não percepção anterior de vulnerabilidade ao HIV. No âmbito da saúde reprodutiva, ser soropositiva subtrairia o direito de ter (mais) filhos. As questões da conjugalidade se sobrepõem àquelas concernentes ao HIV e a vivência da doença opera uma inversão nos termos que qualificam o masculino e o feminino, tornando os homens “fragilizados” e as mulheres (mais) “fortes”. Por outro lado, a inserção econômica passa pela doença e sobressai a saída “tutelar”, que preserva o lugar da mulher na casa e do homem como provedor, e evita a “morte civil”. Assumir o papel de “agente de saúde” da família permite se diferenciar das demais pessoas de seu meio social. Adotar uma prática preventiva não se resume à falta/pouca informação ou à incompreensão de termos técnicos, mas diz respeito àquilo que é eleito enquanto “risco” e a relevância dos diferentes riscos no cotidiano.