Saúde sexual de mulheres vivendo com HIV/AIDS no município de Porto Alegre – RS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Brito, Emerson Silveira de
Orientador(a): Teixeira, Luciana Barcellos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
HIV
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/263929
Resumo: Introdução: A epidemia da Aids é um fenômeno complexo e que consiste num desafio cotidiano aos serviços de saúde. A feminização da epidemia, que se caracteriza pela redução da razão homem/mulher infectado pelo vírus, está associada a diversos fatores, dentre os quais, o contexto de vulnerabilidade individual, social e programática que se torna determinante neste processo para as mulheres. Atualmente estima-se que as mulheres representam 51% do total de infectados e a infecção pode interferir na saúde sexual dessas mulheres. O objetivo deste estudo é analisar especificidades da saúde sexual de mulheres heterossexuais vivendo com HIV/Aids na cidade de Porto Alegre – RS, comparando-as com mulheres sem este diagnóstico. Método: Trata-se de um estudo com delineamento transversal, com mulheres de 18 a 49 anos, com dois grupos comparativos: mulheres vivendo com HIV/Aids (MVCHA) recrutadas em serviços especializados, e mulheres sem HIV/Aids (MVSHA) oriundas de serviços da atenção básica. Comparações estatísticas foram conduzidas através do teste de homogeneidade de proporções, baseado na estatística de qui-quadrado de Pearson ou Fisher ou teste T Student. Estas análises foram realizadas no programa SPSS. Posteriormente, utilizou-se o programa STATA para a análise ponderada, considerando o desenho amostral complexo. Considerou-se o nível de significância de 5% em todas as análises. O projeto foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa das instituições envolvidas. Resultados: Foram incluídas 1.326 mulheres no estudo, 686 no grupo MVCHA e 640 no grupo MVSHA. Diferenças foram observadas entre os grupos quanto à faixa etária (p<0,001), mulheres de 18 a 24 anos eram 8,6% do grupo MVCHA e 31,1% do grupo MVSHA, enquanto que com 40 ou mais anos havia 34,1% e 20,9% respectivamente. Quanto à escolaridade, 54,7% das MVCHA e 44,8% das MVSHA possuía até 8 anos de escolaridade (p=0,009). Houve diferença estatística quanto à renda familiar (p<0,001), no grupo MVCHA mais de 50% possuía renda de até um salário mínimo e no grupo MVSHA 56,4% possuía renda familiar superior a 2 salários mínimos. Quanto ao uso de preservativo, 63,7% das MVCHA não utilizaram preservativo na primeira relação sexual enquanto que no outro grupo 36,3% (p<0,001). Mais da metade das MVCHA tiveram até cinco parceiros sexuais na vida e 71% das MVSHA tiveram um parceiro sexual na vida (p<0,001). A prática de sexo em troca de dinheiro foi de 11,2% e 3,9% nos grupos com e sem HIV/Aids (p<0,001). Ocorrência de IST durante a vida foi verificada em 7,5% das MVCHA e 4,4% das MVCHA (p=0,018). Considerações finais: Este estudo evidencia diferenças quanto ao perfil sócio demográfico e de saúde sexual de mulheres com e sem HIV, especificamente quanto à renda, o não uso do preservativo na primeira relação sexual, o número de parceiros sexuais na vida, a realização de sexo em troca de dinheiro e a ocorrência de IST. A saúde sexual das MVCHA é um fenômeno complexo e as variáveis estudadas evidenciam um contexto de vulnerabilidade, especialmente no que concerne ao comportamento sexual. O conhecimento de características específicas da saúde sexual oportuniza a atuação dos serviços de saúde e fornece evidências para ações de políticas públicas para o enfrentamento do HIV/Aids, especialmente no que tange às características apresentadas neste estudo.