Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Souza, Carolina Senra Alves de |
Orientador(a): |
Cota, Gláucia Fernandes |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34167
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Resumo: |
A leishmaniose tegumentar (LT) está associada a uma morbidade significativa, mas, em geral, letalidade relacionada à doença não é esperada. No entanto, nos últimos anos número inesperado de óbitos relacionados à doença foram notificados ao sistema de vigilância epidemiológica do Brasil. Considerando a escassez de estudos abordando esta questão, o objetivo desta análise foi avaliar os fatores relacionados a mortalidade por LT e sua variabilidade no tempo e espaço. Com base nos dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação, no período entre 2007 e 2014, foram realizados três estudos: (i) análise da variação temporal e espacial das taxas de mortalidade e letalidade por LT (estudo ecológico); (ii) análise de banco individual de casos notificados de LT em busca de fatores associados ao óbito comparando os desfechos cura, óbito por LT e óbito por outras causas e (iii) estudo de série de casos de pacientes com LT que evoluíram para óbito. As taxas foram padronizadas pela distribuição etária da população brasileira no ano de 2010. No estudo ecológico, para a análise temporal, foram utilizados modelos lineares generalizados e series temporais. Sob um enfoque bayesiano, a dependência espacial foi verificada através de modelos de regressão ecológica e autocorrelação espacial foi avaliada pelo índice de Moran, global e local. No período analisado, as taxas de mortalidade e letalidade se mantiveram estáveis. Não foi encontrada dependência espacial global entre as taxas, mas um cluster local foi identificado para a taxa de letalidade unindo os estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Associação com indicadores de desenvolvimento revelaram que a gravidade da doença parece estar mais relacionada a fatores socioeconômicos e condições de acesso aos serviços de saúde. Entre o total de casos notificados, 125.129 evoluíram para cura e 974 evoluíram para óbito, nos dois grupos predominam homens, brancos ou pardos e com escolaridade até o ensino fundamental. A mediana de idade entre pacientes com evolução clínica para cura foi significativamente menor (30 anos) que a mediana de pacientes que evoluíram para óbito (70 anos). Fatores associados à letalidade foram: idade, sexo feminino, presença de lesão mucosa e deslocamento do município de residência para o diagnóstico e tratamento. Indícios de que a toxicidade ao antimonial pentavalente está associada ao óbito também foram encontrados. Especificamente, pacientes que receberam dose diária de antimônio maior ou igual a 20 mg/Kg tiveram maior chance de óbito. Os resultados sugerem que condições relacionadas à organização social e ao acesso e estrutura dos serviços de saúde, além da toxicidade secundária ao tratamento, agravada por algumas condições clínicas, sejam os principais determinantes do óbito entre pacientes com LT, e não a doença diretamente. O encontro de heterogeneidade espacial alerta para a importância de diferentes estratégias de vigilância para o controle da doença e redução de letalidade. |