Aspectos clínico-epidemiológicos e imunológicos da Leishmaniose tegumentar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: Follador, Ivonise
Orientador(a): Carvalho Filho, Edgar Marcelino
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/35364
Resumo: A leishmaniose tegumentar americana (LTA) continua sendo um problema de Saúde Pública no mundo. No Brasil, no período de 1985 a 2001, a leishmaniose tegumentar americana (LTA) vem apresentando coeficientes de detecção que oscilam entre 10,45 a 21,23 por 100.000 habitantes. Em 1993, um surto de LTA foi detectado no povoado rural de Canoa, município de Santo Amaro, Bahia. Um estudo observacional prospectivo foi delineado, com objetivo de determinar as taxas de freqüência e caracterizar clinicamente a doença. Foram acompanhados 555 indivíduos, registrando-se 29 casos de LTA. A prevalência de LTA na população avaliada no período de estudo foi de 5,2% (29/555). A espécie de leishmânia envolvida na área foi caracterizada como Leishmania braziliensis. sendo o flebotomíneo a Lutzomva intermedia. Foram detectados cães e equídeos infectados por leishmânia. Esses dados foram publicados no trabalho. No segundo trabalho os aspectos clínico-epidemiológicos e imunológicos dos 104 indivíduos documentados como portadores de infecção subclínica foram comparados com os 29 indivíduos que desenvolveram leishmaniose cutânea (LC). A infecção subclínica foi definida como indivíduo sadio, durante os 4 anos de acompanhamento clínico, sem lesão ativa cutâneo ou mucosa, sem cicatriz sugestiva de doença passada e que apresentaram o teste de hipersensibilidade tardia positivo. 0 grupo de indivíduos com doença clinicamente evidente (n=29) era mais jovem (19,4 ± 12,8 anos), apresentava reação cutânea com enduração significativamente maior (17,6±1,4 mm) assim como maior proporção de sorologia positiva (16/29; 55,2%) ao ser comparado (p<0,05) ao grupo de infecção subclínica (n=104; DTH: 9,4±4,5 mm; sorologia positiva: 48/104;46,2%). Dosagem de IFN-y, TNF-a e IL-5 foram avaliados em sobrenadantes de células mononucleares do sangue periférico (PBMC) através da técnica de ELISA em vinte pacientes com LC e em vinte indivíduos com a forma subclínica. Os resultados mostraram que o nível de IFN-y [353 ± 594 pg/ml (0-2,075)] e de TNF-a [19 ± 144 (0-364) pg/ml] eram mais baixos nos casos de leishmaniose subclínica, quando comparados aos dos indivíduos com LC [1,546 ± 1,100 pg/ml (0-3,321) e 258 ± 253 pg/ml (0-904) respectivamente]. A média do nível de IL-5 nos indivíduos com infecção subclínica (105 ± 160 pg/ml; 0-679) foi ligeiramente maior (p>0,05) que o observado nos casos de LC (26 ± 41 pg/ml; 0-85). Os dados sugerem que os indivíduos que não desenvolvem a doença talvez tenham a habilidade de modular melhor a resposta imune, prevenindo-os contra o dano tecidual e desenvolvimento de lesão cutânea. No terceiro trabalho foram estudados os dados da resposta imune de 56 militares voluntários e sadios à vacinação com antígeno de leishmania (Leishvacin®) com uma ou duas doses. A reação de Montenegro não foi utilizada para seleção para evitar possível sensibilização. Esse estudo de intervenção (duplo cego e randomizado) comparou, além da resposta isolada à vacina, a utilização do Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos e Macrófagos sintético (rhGM-CSF) como adjuvante. Houve significativo (p<0,01) aumento na produção de IFN-y e de IL-5 no dia 21 pós vacinação nos dois grupos quando comparados com os níveis do dia 0 (IFN-y: 10±21 pg./ml e de IL-5:7±22 pg./ml). 0 grupo que utilizou o adjuvante demonstrou resposta maior do que o dobro na produção de IFN-y (277±553 pg./ml) no dia 21 quando comparado com o grupo que utilizou a vacina associada a placebo (104 ± 206pg/ml), porém sem diferença estatisticamente significante (p>0,05). Os níveis de IL-5, no dia 21, foram ligeiramente maior no grupo da vacinação associada ao adjuvante quando comparados ao grupo que utilizou a vacina com placebo, porém sem significância estatística. Na avaliação do dia 42 os níveis de IFN-y e de IL-5 foram similares nos dois grupos. A produção de IL-10 manteve-se baixa nos dois grupos em todas as etapas do estudo. A reação de Montenegro realizada no dia 42 foi positiva em 44 dos 51 indivíduos testados (86%). 0 número de indivíduos com uma reação de hipersensibilidade tardia positiva foi maior no grupo que utilizou o placebo associado à Leishvacin® (24/25; 96%) quando comparado com o grupo que utilizou 0 rhGM-CSF associado à vacina (20/25; 77%). A vacina tanto com uma ou duas doses foi capaz de induzir resposta imune , assim como o adjuvante ampliou essa resposta em intensidade e precocidade.