Influência do tamanho do inóculo de Leishmania (Viannia) braziliensis na imunopatogênese da leishmaniose cutânea experimental no modelo golden hamster (Mesocricetus auratus)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Romão, Raquel Peralva Ribeiro
Orientador(a): Cruz, Alda Maria da, Pinto, Eduardo Fonseca
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/7705
Resumo: As leishmanioses são um complexo de doenças causadas por diferentes espécies de Leishmania cujas apresentações clínicas variam de acordo com a espécie do parasito envolvido na infecção e com o número de parasitos inoculados além das características imunológicas e genéticas do hospedeiro. Leishmania (Viannia) braziliensis é a principal espécie envolvida na leishmaniose tegumentar Americana (LTA) e, apesar de sua grande importância, o conhecimento de sua imunopatogênese é baseado em estudos com pacientes. Poucos estudos foram conduzidos utilizando modelos experimentais de infecção por L. braziliensis, provavelmente devido à falta de uma linhagem murina que reproduza a infecção por esta espécie. O golden hamster representa o modelo experimental mais suscetível a espécies do subgênero Viannia, porém a ausência de reagentes imunológicos específicos para este modelo limita sua utilização. Além disso, os estudos disponíveis com o modelo apresentam diferentes protocolos de infecção utilizando diversas cepas em inóculos geralmente altos, levando a diferentes cursos clínicos da doença e culminando com a visceralização do parasito. Este estudo teve como objetivo investigar o inóculo ideal de L. braziliensis, em condições padronizadas, que garanta a infecção sem levar a uma doença exacerbada e analisar os aspectos clínicos e imunopatológicos associados a cada inóculo Para isto, grupos de cinco animais, em quatro experimentos independentes, foram infectados por via intradérmica com 104, 105 e 106 promastigotas de L. braziliensis. O desenvolvimento das lesões foi acompanhado por 105 dias e então fragmentos da pele inoculada, do linfonodo drenante, do baço além de soro foram coletados para avaliação da carga parasitária, expressão de citocinas, investigação da visceralização para o baço, análise histopatológica, e dosagem de IgG anti-Leishmania. Os resultados mostraram que o tempo de surgimento das lesões foi inversamente proporcional ao tamanho do inóculo e que o tamanho final das lesões variou entre os inóculos de 104 e 105 e entre 104 e 106, sem variação entre 105 e 106. O aspecto clínico das lesões também variou com o inóculo, onde os animais inoculados com 104 apresentaram lesões mais nodulares em contrapartida aos animais inoculados com 106, com lesões mais ulceradas. Apesar da diferença no número de parasitos inoculados, a carga parasitária foi a mesma entre os três inóculos. A expressão de citocinas e a dosagem de IgG anti-Leishmania apresentaram níveis elevados em todos os grupos analisados, porém sem diferenças estatísticas entre os diferentes inóculos. A análise histopatológica revelou envolvimento inflamatório leve na pele dos animais infectados com 104 enquanto os infectados com 105 e 106 apresentaram elevado grau de dano tecidual A visceralização foi diretamente proporcional ao tamanho do inóculo, pouco frequente no inóculo de 104, acometendo a maioria dos animais infectados com 106. Portanto, verificou-se que diferentes números de parasitos no inóculo exercem influência na evolução e na apresentação clínica da doença, no tamanho final da lesão e no grau de dano tecidual, porém não exerce influência na carga parasitária e na expressão de citocinas na lesão e no linfonodo e nos níveis de IgG anti-Leishmania. Estes resultados indicam que o inóculo de 104 gera lesão mais benigna e menor comprometimento sistêmico e que a modulação da resposta imune frente a diferentes números de parasitos inoculados ocorre na fase inicial da infecção e determina o estabelecimento e a magnitude da fase crônica da doença