A formação de professores em educação ambiental: hortas escolares como espaço de dinamização de ecossistemas múltiplos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Marques, Marilaine de Castro Pereira lattes
Orientador(a): Mazzarino, Jane Márcia lattes
Banca de defesa: Souza, Lise Mary Soares, Kaick, Tamara Simone Van, Neuenfeldt, Derli Juliano
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PPGAD;Ambiente e Desenvolvimento
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
CB
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10737/3494
Resumo: A pesquisa parte do pressuposto de que a Educação Ambiental contribui para a formação integral de professores e estudantes e para a construção da cidadania planetária. A horta escolar, por ser uma estratégia que possibilita o contato com a terra, com as plantas e o envolvimento com os cuidados necessários às espécies cultivadas, revela-se uma importante ferramenta pedagógica para propor aulas significativas, que resultam em aprendizagem ativa e interdisciplinar, articulada aos Temas Contemporâneos Transversais, que podem favorecer a construção de conhecimentos, valores e atitudes, indispensáveis para a formação do sujeito crítico, cuidadoso com a saúde e com o bem-estar individual, coletivo e planetário. O objetivo geral do estudo foi investigar a potência dos processos colaborativos e das hortas escolares, na formação de professores de Ciências da Natureza, na perspectiva teórico-metodológica da Educação Ambiental, articulada à proposta ecosófica, tendo como foco um grupo de professoras de Ciências da Natureza que atuam na rede pública estadual, no município de Alta Floresta-MT. Como objetivos específicos foram traçados os seguintes: a) identificar a existência de hortas nas Escolas Estaduais de Alta Floresta, a fim de avaliar suas funções no ambiente educativo; b) caracterizar os processos de comunicação e de educação ambiental no cotidiano dos professores de Ciências da Natureza; c) realizar, por meio da pesquisa-intervenção, um processo de formação continuada voltado a professores de Ciências da Natureza, com foco nos temas da educação ambiental, educomunicação socioambiental e horta escolar; d) avaliar a potência da formação colaborativa e das hortas escolares, como dispositivos de educação ambiental e para a dinamização de ecossistemas de comunicação ambiental. A abordagem metodológica da pesquisa é qualitativa, incluindo métodos e procedimentos baseados na pesquisa-intervenção, além de estudo bibliográfico, documental e de campo. Como técnicas de coleta de dados, foram utilizados questionários, entrevistas, observações, relatos em diários de campo e análise das produções dos professores, a partir de encontros formativos. A pesquisa de campo foi realizada em 2021, com dois grupos de professoras. Para um dos grupos foi aplicada somente uma entrevista; com o outro, foi realizada uma formação. Foram comparados os relatos de ambos, a respeito de como compreendem a potência de processos colaborativos e das hortas escolares na formação de professores, na perspectiva teórico-metodológica da educação ambiental, articulada à proposta ecosófica. O grupo de intervenção foi formado por professoras de Ciências da Natureza, que demonstraram receptividade à proposta, disponibilidade e compromisso para participarem da formação. Adotou-se a perspectiva das metodologias não extrativistas e de estratégias de produção de conhecimento, que valorizaram a dimensão corpórea e a integração dos três registros ecológicos: ambiental, social e da subjetividade, do que decorre o conceito de ecosofia. Na iniciativa em questão, foram exploradas cinco categorias de análise como temas a serem problematizados na formação: memórias, cuidado, interdependências, ecossistemas e transformações. A formação realizada possibilitou aprofundar a compreensão das dimensões da ecosofia, já que, entre as professoras entrevistadas, os modos de cuidado, as possibilidades de interdependência, de organização ecossistêmica e as transformações demonstraram menor complexidade, assim como no início da formação das duas professoras. Ao longo dos encontros formativos, observou-se uma mudança de perspectiva nos relatos das participantes. De modo conclusivo, o estudo aponta para a potência da criação e do aprimoramento de ecossistemas comunicativos (presencias e on-line), que possibilitaram que as professoras participantes dos encontros passassem a integrar à sua concepção materialista de educação ambiental, um viés sensível. Fortaleceu-se a concepção da horta como laboratório vivo, espaço de aprendizagem interdisciplinar, coletivo e colaborativo, onde se podem desenvolver práticas pedagógicas de educação ambiental e de Ciências da Natureza, utilizando métodos colaborativos, estratégias educomunicativas e princípios ecosóficos, que possibilitam desenvolver habilidades cognitivas e socioafetivas, sem dicotomizar razão e emoção. A formação fortaleceu também a ideia de interdependência entre todas as formas de vida, bem como, do papel dos professores na construção de sociedades mais sustentáveis, o que requer o cuidado consigo, com o outro e com o ambiente. Observou-se que as professoras que participaram da formação passaram a entender a aprendizagem como atividade corpórea, vislumbrando alternativas a serem desenvolvidas nas aulas, bem como compreenderam que as atividades ligadas à horta e ao ambiente ecológico mais amplo contribuem para o bem-estar físico, mental, espiritual e social. As memórias afetivas emergiram nos dois grupos de professoras pesquisadas, com ênfase nas vivências familiares. Poucas lembranças vieram do contexto escolar, o que indica que as escolas e as instituições de formação inicial e continuada de professores, ainda não incorporaram em suas propostas formativas atividades envolvendo as memórias afetivas, de forma exitosa. Essa incorporação tem muito a contribuir com a educação integral de alunos e professores, a qual é um imperativo nos documentos educacionais em vigência na atualidade. Vale ressaltar que a pesquisa está articulada mais diretamente a quatro Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs): Saúde e bem-estar; Educação de qualidade; Cidades e comunidades sustentáveis; Consumo e produção responsáveis, visto que aborda questões relevantes para se alcançar esses propósitos no contexto local e global.