Trajetórias de mulheres agricultoras que se tornaram lideranças políticas: resistências e conquistas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Santos, Aline Maiara Demétrio lattes
Orientador(a): Corona, Hieda Maria Pagliosa lattes
Banca de defesa: Corona, Hieda Maria Pagliosa, Hernandez, Aline Reis Calvo, Boni, Valdete
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Pato Branco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/4436
Resumo: Nesta dissertação analisamos as trajetórias de duas mulheres agricultoras, Luciana Guzella Rafagnin e Zelide Cattelan Possamai que se constituíram enquanto lideranças políticas na região do Sudoeste do Paraná no período entre 1980 e 1990. Nesse sentido, buscamos compreender quais práticas que permearam em suas trajetórias ao se constituírem como lideranças políticas, incluindo as questões de gênero, da agricultura familiar e do histórico das lutas camponesas da região que deram sentido às suas experiências. O percurso metodológico se pautou por meio da pesquisa qualitativa, na qual foram utilizadas as narrativas orais por meio de entrevistas individuais, bem como a análise documental de arquivos públicos da Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural (ASSESOAR) e da observação participante em atividades e eventos no ano de 2017 e 2018, nas quais as mulheres pesquisadas estavam presentes. A partir disso, a análise percorreu pela problematização das relações de gênero e o sentido do trabalho em relação às mulheres rurais, observando quais mecanismos fez com que nossas interlocutoras da pesquisa se constituíssem enquanto lideranças políticas. Partimos da discussão sobre o trabalho produtivo e reprodutivo no meio rural para depois, compreender o sentido da liderança e representatividade política, permeada pela noção da identidade, nos fazendo compreender as relações interseccionais a partir de suas identidades plurais. Outro ponto de análise perpassa pelas redes e estratégias de resistências de Luciana e Zelide, nas quais pudemos perceber as trajetórias que se cruzam com a história coletiva a nível nacional e regional, frente ao período de redemocratização do país após o ano de 1988, pois elas narram, em suas trajetórias, as lutas e conquistas realizadas no período. A partir disso, a análise das trajetórias nos permitiu reconhecer seus processos de subjetivação frente a suas constituições enquanto liderança, nos permitindo compreender questões que as fizeram R-existir. Nesse sentido, Luciana e Zelide se constituíram enquanto lideranças a partir da Igreja Católica, dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais e da ASSESOAR de Francisco Beltrão e de uma rede de apoio familiar e de amizades. Enquanto perspectiva teórica, utilizamos os Estudos Decoloniais, que nos amparam a partir de conceitos como colonialidade de saber/ser/poder, da subjetividade ativa, da ferida colonial, da territorialidade, entre outros, que nos tencionam a refletir sobre as relações entre os povos colonizados, como na América Latina. A partir desta perspectiva observamos os efeitos da modernidade sobre as mulheres agricultoras e quais mecanismos de resistência são construídos por sujeitos marcados entre o que foge e o que se aproxima da lógica da modernidade, assim como as trajetórias de Luciana, Zelide e de tantas outras mulheres agricultoras que exerceram cargos de lideranças políticas.