O discurso sobre a improdutividade do trabalhador brasileiro em textos jornalísticos: análise dialógica
Ano de defesa: | 2016 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , , |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba |
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/1996 |
Resumo: | Este estudo consiste em uma análise dialógica do discurso – ADD – de viés bakhtiniano que tem por objeto inicial os enunciados publicados em abril de 2014 pela revista britânica The Economist sobre a suposta improdutividade do trabalhador brasileiro, ainda, o corpus da pesquisa editoriais da Folha de S. Paulo, Gazeta do Povo e Carta Capital, que comentam a reportagem estrangeira. O estudo destaca o posicionamento axiológico desses veículos de comunicação, interpretando as premissas e intencionalidades presentes em seus discursos, além de identificar os seus principais interlocutores. A pesquisa evidencia tensões dialógicas entre portavozes das categorias capital e trabalho, sendo, no contexto discursivo analisado, a segunda subalterna à primeira, em uma conjuntura de disputa, político-econômico-eleitoral, pelo estado brasileiro. No que tange ao campo das ideologias, destaca o entre as prescrições econômicas neoliberais/clássicas e a visão econômica (keynesiana), esta última associada ao petismo e aos governos petistas. O estudo demonstra que a ADD, utilizada como método que possibilita certa leitura de textos de cunho opinativo, em especial do gênero editorial, é uma abordagem apropriada para a compreensão das matrizes discursivas que permeiam os demais produtos e gêneros jornalísticos que, ao considerarem determinados aspectos da realidade material, acabam por interferir nela. Também aponta que, ao contrário do que poderia se esperar, as publicações brasileiras não se contrapuseram à polêmica tese defendida por The Economist, posicionando-se a favor dos interesses do capital ou assumindo postura de omissão analítica. Com um tom fortemente monológico, os analisados consideram a produtividade do trabalhador, fundamentalmente, a partir do ponto de vista do acúmulo de capital. Dessa forma, ao rotular o brasileiro e o seu país de improdutivos, sugere que ambos (país e trabalhador) deveriam produzir mais, beneficiando, assim, o capital e desconsiderando aspectos subjetivos relacionados à classe que vive do trabalho, reificando-a. Além de dados técnico-científicos, entendidos como irrefutáveis pelas publicações jornalísticas, estrutura essa construção discursiva um estereótipo que é de longa duração e resgata a imagem de um nativo pouco afeito ao trabalho, cuja vida seria dedicada ao ócio, um sujeito preguiçoso e, portanto, estranho à superioridade da cultura eurocêntrica econômico-expansionista que supervaloriza o trabalho, a produção, a geração constante de riquezas superavitárias. Dissertando sobre as consequências sociais da atual configuração do capitalismo, o estudo aponta para a necessidade de resgate da noção de alteridade, não apenas do ponto de vista teórico, mas também no campo da ideologia do cotidiano. Por fim, ressalta que o resgate e a utilização do estereótipo do brasileiro culturalmente preguiçoso (improdutivo) interfere na constituição de uma consciência de si dos trabalhadores e também na imagem que os outros (o mundo) têm deles (nós). |