Análise da rede de atendimento à mulher em situação de violência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Carneiro, Cristianne Teixeira lattes
Orientador(a): Meneghetti, Francis Kanashiro lattes
Banca de defesa: Meneghetti, Francis Kanashiro lattes, Guimaraes, Ludmila de Vasconcelos Machado lattes, Bezerra, Maria Augusta Rocha lattes, Luz, Nanci Stancki da lattes, Rese, Natalia lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/24359
Resumo: Introdução: Aspectos epidemiológicos indicam a magnitude da violência contra mulheres. Para reduzir danos a quem sofreu esse agravo, é fundamental a atuação da Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência. Objetivo: Analisar a Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, de um município do interior do estado do Piauí, Brasil, a partir das percepções dos profissionais das áreas da saúde, assistência social, segurança pública e justiça, no apoio e enfrentamento da violência contra mulheres. Método: Pesquisa qualitativa, exploratório-descritiva, realizada em um município do interior do Piauí, com 11 profissionais atuantes na referida rede. Realizou-se entrevista semiestruturada entre novembro e dezembro de 2019. Os procedimentos analíticos envolveram Análise de Conteúdo Temática de Minayo e aplicação do Fluxograma Analisador. Resultados: A análise permitiu a construção de três categorias: A Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência de um município do interior do Piauí; Percepções dos profissionais da Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência sobre os atendimentos à usuária; Fragilidades e Potencialidades da Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência. Na primeira, percebeu-se dificuldade em realizar matriciamento dos casos de mulheres agredidas, na atenção básica. No Centro de Atenção Psicossocial, observou-se maior efetividade de trabalho em equipe. No Serviço de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual, a assistência às mulheres que engravidaram durante o crime era realizada por profissionais que manifestavam objeção de consciência ao abortamento legal. Os fluxogramas apresentados não constituíam as únicas formas de organização dos atendimentos às mulheres agredidas, na rede pesquisada. Na segunda categoria, as percepções dos profissionais sobre os atendimentos às mulheres agredidas foram, predominantemente, de violência velada pelas mulheres, sendo os motivos: violência psicológica cometida pelo agressor, esperança de que ele mude de comportamento, vergonha da sociedade, perda de apoio familiar, vulnerabilidade emocional e econômica. Constatou-se carência de qualificação profissional para identificar casos de violência velada e para lidar com questões envolvidas nesse contexto. Na terceira, as fragilidades da rede foram: contexto político vigente; estrutura física e equipamentos inadequados; quantidade insuficiente de profissionais; inexistência de casas-abrigo; ausência de rotina de comunicação entre os setores saúde, assistência social, jurídico e policial. As potencialidades foram: capacidade das equipes de atenção básica para desenvolver tecnologias de cuidado nas unidades e na comunidade; presença de profissionais mulheres e de outros com visão humanizada e que trabalham com empenho; implantação do Serviço de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual, ofertando exames e medicamentos, gratuitamente. Conclusão: Demonstrou-se necessidade de melhorias estruturais; número maior de profissionais e qualificação por meio de educação permanente; elaboração de fluxogramas de atendimento às mulheres agredidas; estabelecimento de comunicação efetiva entre os aparelhos. Mesmo diante das fragilidades identificadas, os profissionais exercem papel importante no atendimento às mulheres agredidas. Sugeriu-se reorganização dos serviços, em único local, com compartilhamento de informações, por intermédio de sistema de dados, para evitar repetição dos relatos pela mulher e facilitar o acesso aos aparelhos. Esses dados projetam longo caminho a ser percorrido por gestores e profissionais, almejando oferecer ações efetivas na rede pesquisada.