Já era feminicídio antes de ser nominado: o impacto da Lei Nº 13.104/2015 nos comentários do Facebook

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Cordeiro, Ana Luiza lattes
Orientador(a): Luz, Nanci Stancki da lattes
Banca de defesa: Fanini, Angela Maria Rubel lattes, Rizzotto, Carla Candida lattes, Körbes, Clecí lattes, Prudencio, Kelly Cristina de Souza lattes, Luz, Nanci Stancki da lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/31469
Resumo: Entre as diferentes formas de violência contra a mulher que persistem e, cotidianamente, repercutem no meio social, o feminicídio pode ser compreendido como o ponto mais extremo de ódio e opressão às mulheres. Diante dessa alarmante realidade, a Lei nº 13.104/2015, conhecida como Lei do Feminicídio, opera como uma ferramenta legal de proteção, atendimento e promoção de ações sociais voltadas às mulheres. Partindo desse contexto, esta pesquisa tem como principal objetivo analisar os discursos, presentes em comentários publicados por usuárias ou usuários do Facebook, em resposta a notícias sobre o feminicídio publicadas no perfil da rede social do jornal Estadão, considerando as relações dialógicas que se estabelecem entre os comentários, os textos jornalísticos propulsores e a promulgação da Lei do Feminicídio. Para a coleta de dados, os anos de 2014, 2015 e 2020 foram elencados, pois se referem ao período anterior e posterior à promulgação da Lei e ao ano de início da pandemia de Covid-19 – compondo períodos de significativo impacto às ocorrências, registros e percepções sobre o feminicídio. Nesse sentido, são mobilizadas bases teóricas dos Estudos de Gênero e violência contra a mulher, além do amparo das Humanidades Digitais, já que a tecnologia permeia toda a construção desta tese, do ambiente de imersão ao uso de ferramentas para o tratamento dos dados. Totalizando 14 notícias e 140 comentários em resposta a elas, recorreu-se à Análise de Discurso Mediada por Computador (ADMC) para apreender os sentidos manifestados sobre a Lei nº 13.104/2015, tanto na produção jornalística quanto na do público do Facebook, identificando mudanças ou permanências discursivas ao longo dos anos coletados. As análises indicam que houve: i) a manutenção de discursos que se opõem à Lei do Feminicídio e a políticas de enfrentamento à violência, sustentados por argumentos frágeis e de ordem patriarcal e misógina, em geral, que não se alteram ao longo dos anos analisados; ii) uma manifestação de discursos críticos ao feminicídio e à ordem patriarcal que, em geral, articularam argumentos e posicionamentos mais críticos à realidade das mulheres ao longo dos períodos analisados, havendo uma produção de sentido gradualmente mais receptiva à Lei e que a compreende como necessária e/ou eficaz enquanto política de enfrentamento à violência contra as mulheres. Além dos debates e reflexões desenvolvidos sobre a condição social das mulheres, o patriarcado e as políticas de enfrentamento à violência e ao feminicídio, os resultados obtidos são relevantes por apontarem mudanças no ambiente digital, já que parte das percepções manifestada pela mídia e pelo público do Facebook em relação à Lei e à própria realidade das mulheres foi mais reflexivas, criando espaços de interação, suporte e redes de afeto.