O espaço urbano em Carolina Maria de Jesus: o eterno retorno ao Quarto de despejo e a casa de alvenaria
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba |
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/24833 |
Resumo: | A literatura permite um olhar para o mundo através do olhar do outro, por isso encanta, mas, principalmente, incomoda. Assim, os escritos das décadas de 1950 e 1960 de Carolina Maria de Jesus, uma mulher negra, pobre, que estudou formalmente apenas até o segundo ano do primário (atual Ensino Fundamental) são de fundamental relevância para o entendimento de algo que ocorre até hoje: a periferização e consequente exclusão das camadas mais pobres da população. Em seus diários publicados parcialmente no livro Quarto de Despejo: diário de uma favelada, a escritora descreve o cotidiano árduo vivido na antiga favela do Canindé, em São Paulo, capital. Por meio desses registros, é possível compreender os aspectos perversos do modelo de urbanização paulista, inspirado nas reformas higienistas europeias do século XIX. A história da autora tem continuidade no segundo livro-diário Casa de Alvenaria: diário de uma exfavelada, o qual narra a saída de Jesus da favela e sua nova rotina habitando a cidade. Diante disso, busca-se compreender nas obras de que maneira se deu a ocupação do espaço geográfico e quais foram as suas consequências. Para tanto, são consultados teóricos da Geografia e do Urbanismo, como David Harvey, Milton Santos, Ermínia Maricato e Raquel Rolnik. A biografia de Jesus também é explorada, uma vez que os livros aqui analisados tem origem em diários pessoais. Também nesse sentido, procura-se compreender a relação entre literatura, memória e realidade sob a luz de estudiosos como Philippe Lejeune e Henri Bergson. Há ainda um breve estudo a respeito de como o fato da autora apresentar condições de subalternidade reverbera na repercussão de seus livros, além de considerações concisas sobre o papel do editor nisso tudo. Como resultado, verificou-se que as obras de Carolina Maria de Jesus são representativas de um processo excludente de urbanização que se perpetua até a atualidade por meio de mecanismos práticos e, principalmente, ideológicos. |