Da gênese dos cadernos às intervenções no Quarto de despejo: o processo editorial para recepção da obra de Carolina Maria de Jesus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Lapa, Fabiana Julião de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/16572
Resumo: A narrativa de cunho testemunhal, realizada nos diários de Carolina Maria de Jesus, é uma construção discursiva que trabalha o gênero em sua versão mulher negra, escritora, e a recusa de sua condição humana em ser despejo na sociedade desigual que a empurrou para a miséria. É diálogo entre conceitos como identidade, memória, espaço, linguagem e cultura, retratados em sua escrita diária, pensando no binômio indivíduo e ambiente social como um processo dinâmico de transformações. Elencando a narrativa testemunhal feminina como um dos tantos dilemas no processo de representação, tendo em vista a invisibilidade da mulher escritora, especialmente a negra, ao longo da história, o presente trabalho tem como objetivo analisar o percurso editorial da primeira obra de Carolina Maria de Jesus, Quarto de Despejo–Diário de uma favelada, do momento em que o jornalista Audálio Dantas teve acesso aos seus escritos em cadernos que Carolina recolhia nos lixos até o lançamento do livro. Discutiremos a necessidade de uma segunda voz para fazer ouvir uma outra silenciada e analisaremos a produção editorial, propondo uma reflexão sobre o processo de intervenção, na intenção de tornar um texto convenientemente “adequado à leitura”, normatizando a obra escrita. As supressões de termos do conteúdo original, bem como as correções ortográficas se distanciam do discurso de manutenção da originalidade da obra produzida por uma favelada que teve acesso à educação escolar por dois anos e reforçam o protagonismo do jornalista e também editor nesse processo, influenciando e direcionando a narrativa do diário