Incidência da neurocisticercose no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista - (Unesp)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1994
Autor(a) principal: Agapejev, Svetlana
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17140/tde-15052024-095833/
Resumo: A neurocisticercose é uma patologia intimamente relacionada aos hábitos alimentares e de higiene. É rara na Europa, Estados Unidos e Canadá, e praticamente endêmica na América Latina (México, Brasil, Peru, Colômbia, Chile), Ásia (Índia, China) e África. É um importante e negligenciado problema de Saúde Pública. Os cisticercos podem disseminar-se nos diversos órgãos, embora haja uma nítida preferência pelo sistema nervoso central, onde as manifestações clínicas dependem de uma série de fatores da relação parasita X hospedeiro, oferecendo um quadro clínico bastante variável. É uma patologia potencialmente fatal, mas pode evoluir assintomática. O diagnóstico é difícil principalmente nas regiões não endêmicas ou com deficiência de recursos laboratoriais especializados. O objetivo deste estudo é avaliar a incidência da neurocisticercose nas necrópsias e biópsias no Departamento de Patologia, complementando com dados gerais, desta neuroparasitose, nas internações no Hospital das Clínicas, analisando descritivamente suas múltiplas características. Efetuou-se a revisão de 3.681 necrópsias completas e 73.256 biópsias executadas no período de 1969 a 1990 pelo Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP. Destas necrópsias e biópsias foram selecionadas aquelas com cisticercose cutânea e de sistema nervoso central (SNC) e revistos os respectivos prontuários. Efetuou-se o levantamento das 132.480 internações realizadas no Hospital das Clínicas - UNESP, no período de 1972 a 1990, selecionaram-se os 3.225 casos internados na Enfermaria de Neurologia, no período de 1982 a 1990, no referido Hospital e, destes, estudaram-se os casos com suspeita diagnóstica de neurocisticercose. A incidência de neurocisticercose correspondeu, respectivamente, a 0,30% e 0,29% das internações e óbitos em geral e, respectivamente, a 0,08% e 3,6% das internações e óbitos da Enfermaria de Neurologia; a 1,57% das biópsias neurocirúrgicas e a 1,85% das necrópsias completas. Nestas, a neurocisticercose foi causa básica do óbito em 25%, um achado com manifestação neurológica presentes em 26,5% e assintomática em 48,5%. Dos doentes com diagnóstico cirúrgico de cisticercose cutânea, 65% apresentaram manifestações neurológicas associadas. Também foram observados múltiplos cisticercos no coração (3 casos), pulmão (1 caso), língua (1 caso), musculatura estriada (1 caso) e medula espinal (1 caso). A procedência urbana variou de 39,7%, nas necrópsias em geral, a 70% nos diagnósticos cirúrgicos. Houve predomínio do sexo masculino nas internações (63%), nas cisticercose cutânea com manifestações neurológicas (69%), nas biópsias neurocirúrgicas (80%) e no total de necrópsias (66,2%), embora na neurocisticercose - causa básica o predomínio (53%) fosse do sexo feminino. A faixa etária mais atingida pela neurocisticercose foi dos 31 aos 40 anos nas internações (27,2%) com seus respectivos óbitos (55%), nos diagnósticos cirúrgicos (40%) e na neurocisticercose-causa básica (41%), embora nas necrópsias em geral, a faixa etária mais afetada tivesse sido a dos 51 aos 60 anos (23,5%). A cisticercose cutânea com manifestações neurológicas ocorreu com maior frequência dos 41 aos 50 anos (46%). As manifestações puras, mais comuns da neurocisticercose, foram a hipertensão intracraniana e a síndrome epiléptica, respectivamente, em 15,4% e 38,4% na cisticercose cutânea com manifestações neurológicas, em 39,3% e 46,4% nas internações na Enfermaria de Neurologia, em 90% e 10% nos diagnósticos neurocirúrgicos e em 17% e 7% nas necrópsias em geral, sendo 59% e 24% na neurocisticercose - causa básica. A localização preferencial dos cisticercos foi a múltipla (35,2%) e corticomeningea (32,4%), às custas de um (46%) ou mais de um (50%) parasitas, com predomínio no lobo parietal direito. A forma racemosa ocorreu em 4% das necrópsias e 80% das biópsias neurocirúrgicas. A localização ventricular, pura ou associada, foi observada em 22% dos casos. Em 80% dos casos: houve associação da hipertensão intracraniana à localização ventricular ou múltipla, Os cistos examinados eram viáveis em 26,5% dos casos. O diâmetro dos parasitas variou de 1 a 20 mm, para o Cysticercus cellulosae, e de 10 a 55 mm para o Cysticercus racemosus. Confirmou-se o polimorfismo clínico, laboratorial e anátomo - patológico, bem como as características endêmicas da neurocisticercose para a região de Botucatu.