O tempo das mudanças, o cinema e a luta pela apropriação das verdades | um estudo do documentário Torre Bela (1978) de Thomas Harlan sobre o processo revolucionário português (1974-1975)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Santos, Alexandra Sofia Miranda dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27160/tde-28082017-085847/
Resumo: Este estudo tem por objeto o documentário de Thomas Harlan, Torre Bela (1978), filmado durante o processo revolucionário português (1974-1975). A película insere-se na raiz cinematográfica do cinema-verdade, destacando-se do debate em torno deste conceito desenvolvido por Jean Rouch e Edgar Morin no decênio de 1960, na medida em que propõe antes, uma abordagem materialista aos processos sociais, retomando a perspectiva desenvolvida por Dziga Vertov (1896-1954), cineasta russo autor do filme Kinoglaz (1924), que Thomas Harlan cita em diferentes cenas de Torre Bela. Harlan constrói de forma crítica e reflexiva uma síntese da atualidade, proveniente do recorte histórico, resultante da combinação sistematizada entre o fragmento do filme e a visão histórica sobre o processo revolucionário que o cineasta insere na montagem do filme. Ao concretizá-la, Harlan acaba por colocar luz nas contradições do processo português, alumiando, por exemplo, como o acordo militar para uma \"nova política social\", que defendia os direitos da classe trabalhadora como anunciado no Programa do Movimento das Forças Armadas, consolida-se apenas em direitos para a classe dominante, os proprietários dos meios de produção, excluindo-se o trabalhador do modelo de sociedade democrática. O filme é emblemático também, para compreender a forma como o trabalhador se torna sujeito político da Revolução, histórico, por isso, objetivando as suas utopias através da película, até o momento da intervenção da força militar contrarrevolucionária como mostra o final do filme. Em tese, o trabalho investiga como a reintrodução da perspectiva histórica sobre a forma como uma dada sociedade se organiza, bem como o ponto de vista do cineasta sobre o fenômeno social abordado torna-se, no caso da película Torre Bela, uma forma de resistência e de oposição ao movimento de desmanche e declínio das grandes utopias que marcou a segunda metade do século XX, e que na atualidade se reinventa no fenômeno da pós-verdade.