Comprometimento da função pulmonar, desempenho físico e capacidade funcional de indivíduos que foram internados por Covid-19 após 1 e 12 meses da alta hospitalar: estudo de coorte prospectivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Oliveira, Danielle Brancolini de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5170/tde-19112024-180852/
Resumo: Introdução: A Covid-19 pode causar alterações persistentes a longo prazo, como comprometimento da função pulmonar, desempenho físico e capacidade funcional, especialmente em casos graves que requerem hospitalização e internação em Unidade de Terapia Intensiva. Internação prolongada e ventilação mecânica estão associadas ao desenvolvimento de sequelas pulmonares que, por sua vez, podem impactar negativamente no desempenho físico e na capacidade funcional. Objetivos: Tivemos como objetivo avaliar o comprometimento da função pulmonar de indivíduos que foram internados por Covid-19 após 1 e 12 meses da alta hospitalar. Além disso, comparar os indivíduos que apresentaram distúrbio restritivo (DR) com indivíduos com padrão pulmonar normal (PN) em relação à evolução do desempenho físico e capacidade funcional ao longo do tempo. Método: Trata-se de um estudo de coorte prospectivo que avaliou indivíduos de ambos os sexos com idade superior a 18 anos após 1 e 12 meses da alta hospitalar do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Foram incluídos indivíduos capazes de realizar todos os testes funcionais e excluídos os que não tiveram disponibilidade para comparecer aos locais de coleta de dados. Os desfechos e medidas analisados foram: 1. função pulmonar, classificada em PN ou DR, avaliada por meio da espirometria; 2. desempenho físico avaliado por meio do teste de sentar e levantar de 1 minuto (TSL1) e teste de sentar e levantar 5 vezes (TSL5x); 3. capacidade funcional avaliada por meio do Índice de Barthel (IB); além de dados para caracterização da amostra, como: tempo de internação, necessidade de unidade de terapia intensiva (UTI), necessidade O2 e de ventilação mecânica invasiva (VMI), uso de drogas vasoativas (DVA). Análise estatística: Os resultados foram apresentados por meio de estatísticas descritivas, como média e desvio padrão (paramétricos), mediana e intervalo interquartis (não paramétricos) após o teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Os desfechos de 1 e 12 meses pós-alta hospitalar foram comparados por meio do Qui-Quadrado (2) (variáveis nominais), Teste T de Student e Mann Whitney (variáveis contínuas). A comparação entre os desfechos e os dois períodos foi analisada por meio do teste de ANOVA de medidas repetidas (variáveis contínuas). Todas as análises foram processadas no software JASP (versão 0.16.4.0) adotando o nível de significância de 5% (p<0,05). Resultados: Dos 194 participantes avaliados inicialmente, 62 compareceram à última avaliação. Após 1 mês da alta hospitalar, dos 62 participantes, 57 (92%) foram internados em UTI e 46 (74%) necessitaram de VMI. Quinze (24%) indivíduos apresentaram PN no 1º mês e 42 (68%) no 12º mês, enquanto 47 (76%) indivíduos apresentaram DR no 1º mês e 20 (32%) no 12º mês. Daqueles que apresentaram DR no 1º mês, 27 (44%) passaram a apresentar PN no 12º mês. Os indivíduos com DR apresentaram maior tempo de internação (p=0,024), necessidade de VMI (p=0,005), tempo de VMI (p=0,029), necessidade de O2 no 1º dia de internação (p=0,002), O2 durante a internação (p=0,007) e uso de drogas vasoativa (p=0,002). Após 12 meses da alta hospitalar, ambos os grupos apresentaram aumento da CVF (p<0,001) e VEF1 (p<0,001) com melhora superior do grupo DR. Em relação ao desempenho físico, ambos os grupos apresentaram aumento do número de repetições no TSL1 (diferença média = -2,2, p<0,002) com interação entre os grupos (diferença média = 1,8, p=0,022). Mas não apresentaram diferença do tempo de execução do TSL5x após 12 meses da alta, assim como em relação à pontuação total do IB. Conclusão: O DR foi encontrado em 76% dos indivíduos no 1º mês e em 32% dos indivíduos no 12º mês. Indivíduos com DR apresentaram pior desempenho físico e capacidade funcional no 1º mês em relação aos indivíduos com PN. No entanto, após 12 meses, a recuperação física e funcional de indivíduos com DR foi superior aos indivíduos com PN, pois os últimos já apresentaram bom desempenho no 1º mês