A constituição da genealogia no pensamento histórico de Michel Foucault

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Alves, Alexandre
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-27122022-121214/
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo explicitar o fundamento teórico da Genealogia, enquanto método histórico, na obra de Michel Foucault. Embora a Arqueologia do Saber tenha sistematizado o método arqueológico, a Genealogia nunca foi objeto de uma teorização equivalente. A teorização da Genealogia é uma tarefa inconclusa no itinerário foucaultiano, quando, em 1978, o filósofo abandonou a perspectiva genealógica para compreender as formas de subjetivação do indivíduo na ética grega antiga. É inegável a importância que tem a Genealogia para os estudos históricos, as ciências humanas e diversas outras áreas que, cada vez mais, inspiram-se no empreendimento foucaultiano para abrir novas perspectivas de análise nos estudos do homem. O que justifica empreender sua teorização. Para realizar esse percurso, utilizamos todas as obras de Foucault, os dois cursos do Collège de France já publicados e suas diversas entrevistas, artigos e intervenções publicados nos quatro volumes dos Dits et Écrits. Nosso recorte incidiu na fase de sua obra que media a passagem da perspectiva arqueológica para a perspectiva genealógica, entre a redação de As Palavras e as Coisas (1966) e a publicação de Vigiar e Punir (1975). Articulando nossos temas em torno do estudo sistemático destas três obras, pudemos definir os três elementos que fundamentam a Genealogia: uma nova visão da crítica, uma teoria do discurso não-estrutural e uma nova concepção das práticas sociais. Na arqueologia se configura uma reapropriação da crítica kantiana em termos de uma \"crítica imanente da racionalidade\", esta crítica não é abstrata, porém nominalista e não se fundamenta num sujeito transcendental, mas no que propusemos chamar de \"campo histórico-transcendental\". Ao mesmo tempo empírica e transcendental, filosófica e histórica, a crítica tem três funções: fazer um diagnóstico da atualidade, escavar camadas discursivas esquecidas e estabelecer as condições de ) possibilidade de nós mesmos, aquilo que de fora nos delimita. Na Arqueologia do Saber se elabora uma teoria arqueológica do discurso distinta de todas as teorias do discurso existentes: teorias lógicas, teorias estruturais e teorias hermenêuticas. Esta teoria poderia ser descrita como uma \"lógica atonal\" por propor um novo modelo de inteligibilidade da história através da concepção de um sistema aberto, descentrado e cujas relações são infinitamente extensíveis. Finalmente, na fase propriamente genealógica da obra foucaultiana, constitui-se uma nova concepção das práticas, compreendidas como campos onde se fundem saber e poder, discurso e ação. Esta concepção se volta explicitamente contra o conceito marxista de ideologia e contra a teoria dos aparelhos ideológicos de Estado