Estudo endócrino-comportamental da reprodução de pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) mantidos em cativeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Ribeiro, Jéssica Domato
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10131/tde-30062017-092507/
Resumo: A vasta maioria dos pinguins são aves de reprodução sazonal. O pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) forma colônias reprodutivas em latitudes superiores a 42º S no Chile, Argentina e Ilhas Malvinas/ Falklands, demonstrando comportamento sazonal como outras aves de clima temperado. Durante o inverno, os pinguins migram em direção ao norte, sendo frequentemente avistadas em águas brasileiras nas regiões sul e sudeste. Apesar de diversas instituições no Brasil abrigarem esta espécie de pinguim em seus plantéis, sua taxa reprodutiva em cativeiro é baixa e irregular em todo o país. Desde 2009, a Sabina Parque Escola do Conhecimento (Santo André SP) mantem um plantel de aproximadamente 20 pinguins que nunca apresentara histórico reprodutivo ou se quer sinais de acasalamento. Em 2012, um programa de luz mimetizando o fotoperiodo vivenciado pelas colonias reprodutivas in situ foi instaurado, e a resposta endócrino-comportamental de parte desse plantel (9 machos e 9 fêmeas) foi registrada. Com o início do programa de luz a população não apenas aumentou gradativamente o número de indivíduos pareados, como também iniciou a postura de ovos (férteis e inférteis) e a criação de filhotes. Oscilações nos esteróides fecais e comportamentos de machos e fêmeas com diferentes resultados reprodutivos são detalhadas para duas estações reprodutivas consecutivas (setembro a janeiro). De modo geral, os níveis hormonais no segundo ano de monitoramento foram mais altos, sugerindo uma infuência da idade sobre a secreção de esteróides sexuais. No segundo ano de avaliação, machos que obtiveram filhotes apresentaram concentrações de andrógenos fecais aparentemente mais elevadas que machos pareados sem ovos ou com ovos inférteis, mas similares aos machos despareados cujo os níveis mantiveram-se altos de outubro a janeiro. Não foi possível tirar conclusões sobre os padrões de secreção de progestégenos e estrógenos fecais nos machos monitorados. Nas fêmeas, aumentos nos níveis de andrógenos fecais foram notórios apenas nos indivíduos com ovos e sem filhotes. Elevações na secreção de progestágenos fecais em fêmeas despareadas ou sem postura não resultaram na produção de ovos, apesar desses aumentos serem compativeis àquelas observadas nas fêmeas com ovos ou filhotes. Adicionalmente, em outro período deste trabalho, uma falha mecânica no controle do fotoperíodo desencadeou na elevação do comprimento de luz durante os meses de inverno (24 horas luz/ dia de maio a agosto). Esta superexposição a luz artificial induziu comportamentos reprodutivos em três casais monitorados (inclusive com a postura de ovos por uma fêmea), além de induzir uma segunda muda quatro meses após a primeira muda. Estes achados demonstram a alta susceptibilidade da espécie aos programas de luz, e levantam a possibilidade de utilizar essa ferramenta não só para a estimular a reprodução em cativeiro, mas talvez para induzir uma segunda estação reprodutiva no ano ou reduzir o intervalo entre estações reprodutivas. Ambos desdobramentos possuem aplicabilidade na propagação de indivíduos da família Spheniscidae, a qual 60% das espécies é classificada em alguma categoria de ameaça da IUCN.