Fundamentos filosóficos e políticos da inclusão escolar: um estudo sobre a subjetividade docente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Barros, Carlos César
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-18082009-092331/
Resumo: Este trabalho busca investigar as bases psicológicas da inclusão escolar. Baseia-se em estudo teórico e numa descrição empírica da subjetividade de professores de alunos com necessidades educacionais especiais. A partir do estudo de documentos e da literatura especializada, depara-se com a fundamentação axiológica da educação inclusiva. Passa, então, a refletir sobre as contradições de sustentar o discurso educacional em valores humanitários universais enquanto a contemporaneidade se desumaniza e considera tais valores ultrapassados ou ilusórios. Tomando como referencial a teoria crítica da sociedade, a Escola de Frankfurt, a pesquisa busca encontrar nas contradições fatores que estimulam e transformam: os próprios valores, que não são ilusórios já que derivados das condições materiais da existência, mas são passíveis de serem ultrapassados no tempo se negados e esquecidos. Ainda que decadentes devido à massificação na sociedade administrada eliminadora de diferenças, as forças sociais libertadoras e transformadoras fazem um retiro na esfera individual. Se o reconhecimento dos valores se dá nas esferas social, jurídica e afetiva, frente à crise das duas primeiras esferas, cabe perguntar como ele subsiste na terceira, na subjetividade individual. Impõe-se, portanto, o objetivo de identificar atitudes e valores relacionados à inclusão escolar e aos alunos com necessidades educacionais especiais nos professores, que lidam diretamente e por maior tempo com os alunos. Algumas categorias psicológicas como ideais coletivos e individuais, fantasia, identificação, compaixão, atitudes, crenças, valores e preconceito foram tomadas como norteadoras da seção empírica da pesquisa. Considerando-se que o meio privilegiado de expressão dessas categorias é a fala, foi utilizada a técnica de entrevista de discurso livre com sete professoras do nível um de uma Escola Municipal de Ensino Fundamental paulistana. A análise e interpretação das entrevistas passam por temas como as más condições do trabalho docente, problemas de saúde física e emocional, falta de reconhecimento profissional, pouca identificação com a política educacional, desinformação em relação à inclusão escolar, necessidade de um trabalho de formação continuada que dê sentido à prática, sensação de abandono e desamparo. Os valores igualitários são mantidos, porém deslocados da vida escolar. As fantasias em relação a uma educação outra, menos conteudista, mais lúdica e livre, subsistem. O convívio com pessoas com deficiência transformou atitudes e gerou um potencial de receptividade e acolhimento. As oportunidades de reflexão sobre a prática e de participação em cursos de formação apresentam-se como redutoras de ansiedade e transformadoras de concepções. A tese se encerra considerando que a presença das contradições da história da educação para todos, materializadas nos afetos e nas representações das professoras, mantém viva, por meio da proposta de inclusão escolar, um projeto emancipatório de educação. É preciso, no entanto, que, para além dos discursos, transformem-se as condições de trabalho que são forças contrárias aos elementos favoráveis à inclusão nos professores. Trabalhos de formação docente e de psicologia escolar que enfatizem as atitudes em relação à inclusão de todos os alunos podem trazer contribuições significativas para um movimento de luta contra a barbárie que comece pela escola.