Mudra e Galpão: experiências cênicas interlinguagens

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Vaneau, Celia Regina Gouvêa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27156/tde-10072018-115930/
Resumo: A pesquisa tem o objetivo de registrar e analisar períodos importantes e inovadores das artes cênicas - com ênfase em dança - em que foram desenvolvidas propostas interlinguagens, concentrando-se em duas experiências vivenciadas por mim na década de 1970: o Mudra (Centro Europeu de Aperfeiçoamento e Pesquisa dos Intérpretes do Espetáculo), dirigido pelo coreógrafo Maurice Béjart em Bruxelas, na Bélgica, do qual fui integrante da primeira turma em 1970 e que desembocou na fundação do grupo Chandra (Teatro de Pesquisa de Bruxelas); e o Teatro de Dança Galpão, berço da dança contemporânea em São Paulo e do qual fui responsável pela primeira montagem, Caminhada (1974), e pela última, De pernas para o ar (1981), em parceria com o diretor teatral Maurice Vaneau, nos primórdios da fusão de procedimentos singulares próprios à dança e ao teatro. A linguagem investigativa praticada no Galpão desencadeou um movimento que transformou o modo de se conceber e construir a estrutura de peças coreográficas, e os resultados dessa experiência ecoam até a atualidade. O ciclo de sete anos de existência desse grupo ocorreu durante o período da ditadura civil-militar brasileira e também da contracultura, tornando-se refúgio de um público atento e curioso. O período corresponde ao interstício entre as vanguardas modernistas tardias e o pós-modernismo. A hipótese levantada é a de um procedimento específico interlinguagens com foco na dança que aliou investigação estética e participação política. O processo interlinguagens é um derivado coreográfico das visões de Antonin Artaud e tem como protagonista o corpo concebido como um processo em devir. Aliado ao movimento, relaciona tempo e espaço por meio da mutação, instaurando uma dramaturgia poética cinestésica. Pensar a questão do tempo vai remeter às noções de experiência e memória. Elejo o método da descrição associado à análise e problematização, em um procedimento hermenêutico, que inclui explicação e interpretação. Presentificam-se ainda propostas técnicas praticadas, frutos da fusão interlinguagens e de estudos somáticos recentes, resultando na elaboração da Técnica Orgânica, uma opção para o treinamento do performer. O objetivo é o de oferecer uma contribuição pessoal aos estudos e reflexões aos múltiplos praticantes e pensadores da dança no Brasil, cujo número é crescente, bem como fornecer uma referência à constituição de currículos de departamentos de Dança, acadêmicos ou não.