O papel da exclusão duodenal na regulação dos níveis glicêmicos em pacientes diabéticos tipo 2 submetidos a gastrectomia com reconstrução em Y de Roux por câncer gástrico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Franciss, Maurice Youssef
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-04062019-143507/
Resumo: INTRODUÇÃO: a cirurgia bariátrica tem se mostrado efetiva no tratamento de comorbidades relacionadas à obesidade como o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), sugerindo que mecanismos além da perda de peso estão envolvidos. Diversos estudos têm atribuído a melhora da regulação glicêmica à secreção de incretinas pelo intestino distal, devido ao estímulo da rápida passagem de alimento por esta região; outra hipótese confere o resultado à exclusão do intestino proximal, porém detalhes dos mecanismos de ação e do seu papel em indivíduos não obesos ainda precisam ser esclarecidos. Indivíduos com DM2 operados por motivos diferentes da obesidade representam adequado modelo para analisar resultados clínicos da exclusão duodenal. OBJETIVO: analisar a mudança da glicemia em pacientes diabéticos submetidos a gastrectomia total ou subtotal com derivação em Y de Roux por câncer gástrico. PACIENTES E MÉTODOS: estudo observacional, analítico, tipo coorte com abordagem retrospectiva, desenvolvido em duas instituições públicas de saúde no município de São Paulo, aprovado por comitê de ética em pesquisa. Foram verificados os prontuários físicos e eletrônicos, com respeito às variáveis demográficas (sexo, idade) e clínicas (comorbidades, Índice de Massa Corpórea-IMC, glicemia de jejum, hemoglobina glicada e uso de medicamentos) antes da operação (T0) e um ano após (T1). A amostra foi composta por 129 pacientes acima de 18 anos, com diagnóstico de DM2 e Adenocarcinoma gástrico, submetidos a gastrectomia com reconstrução em Y de Roux. Foram excluídos 26 pacientes por falta de acompanhamento ou óbito antes de um ano de pós-operatório; a amostra de análise (n=103) foi representada por 50,5% (n=52) de mulheres e 49,5% homens (n=51), com idade média de 65,5 ± 9,57 anos (41-89 anos). A distribuição do IMC foi de 25 a 30 kg/m2 em 44,7% (n=46), abaixo de 25 kg/m2 em 38,8% (n=40) e maior que 30 kg/m2 em 16,5% (n=17). A gastrectomia subtotal foi realizada em 79,6% (n=82) dos pacientes. Para a análise estatística, usaram-se medidas de tendência central, teste t de Student e regressão logística com o modelo CART. RESULTADOS: após um ano de pós-operatório, a média de glicemia diminuiu de 147,6 mg/dL (T0) para 134 mg/dL (T1) (p=0,046), porém 70% dos pacientes com glicemia > 100 no T0 permaneceram com o mesmo valor no T1. A hemoglobina glicada não teve mudança significativa (7,5% no T0 vs 7,0% no T1, p=0,988). A média do IMC diminuiu de 26,5 kg/m2 (T0) para 24,3 kg/m2 (T1) (p < 0,001). Após um ano, 6,7% (n=6) tiveram suspensão da medicação com resolução do DM2 e 11,2% (n=10) diminuíram a medicação hipoglicemiante, enquanto que, em 60,7% (n=54), permaneceu inalterada e, em 21,4% (n=19), piorou. Os pacientes com IMC entre 30-35 kg/m2 foram os que tiveram melhor resposta em relação à normalização dos níveis glicêmicos. O modelo de regressão logística mostrou como preditores da mudança na medicação a idade ( < 62,5 anos) e o IMC ( > 30,2 kg/m2) com valor preditivo 71,4%. CONCLUSÕES: o estudo demonstrou que não houve melhora da glicemia nos pacientes com DM2 submetidos a gastrectomia total ou subtotal com reconstrução em Y Roux, com IMC abaixo de 30 kg/m2, nem foram observadas evidências que corroborem a Teoria do Intestino Proximal. Há indícios de que a cirurgia possa influenciar o controle glicêmico quando o IMC é > 30 kg/m2 e a idade, inferior a 62,5 anos