Avaliação endoscópica e histopatológica do estômago excluso após cirurgia bariátrica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Kuga, Rogerio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5154/tde-12032008-095407/
Resumo: O tratamento cirúrgico para a obesidade mórbida é a única modalidade que consegue a perda de peso sustentada e manutenção a longo prazo. Dentre as técnicas cirúrgicas empregadas, a gastroplastia vertical com derivação gastrojejunal em Y de Roux é uma das mais empregadas mundialmente e em nosso meio. Através desta técnica, o estômago é dividido em duas partes assimétricas, uma vertical e tubular com cerca de 5 cm de extensão que faz parte do trânsito alimentar e outra denominada exclusa. O seguimento endoscópico pós-operatório de rotina, com o uso do endoscópio convencional, avalia o coto gástrico proximal, mas não alcança o estômago excluso. Com o advento do enteroscópio de duplo balão, tornou-se possível o acesso e avaliação endoscópica, permitindo a realização de biópsias da mucosa do estômago excluso para estudo histológico. Quarenta pacientes submetidos à gastroplastia vertical com derivação gastrojejunal em Y de Roux foram incluídos no estudo de maneira prospectiva, com período pós-operatório médio de 77,3 meses (36 - 133), idade média de 44,6 anos (22 - 61), sendo 85% do sexo feminino. O sucesso de acesso ao estômago excluso com a utilização do enteroscópio de duplo balão foi de 87,5% (35 pacientes), com tempo médio decorrido até o estômago excluso de 24,9 minutos (5 - 75). O controle radioscópico concomitante ao exame endoscópico para auxílio direcional foi utilizado em 11 pacientes (27,5 %). Os achados endoscópicos do estômago excluso nos 35 pacientes foram: normal em 9 pacientes(25,7 %); gastrite enantemática em 10 (28,6 %); gastrite erosiva plana ou elevada em 5 (14,3%); gastrite erosiva com sinais de hemorragia em 5 (14,3%) e gastrite atrófica em 6 (17,1 %), sendo que dois destes apresentavam concomitantemente áreas sugestivas de metaplasia intestinal no antro que foram confirmadas pelo estudo histológico. Quanto aos achados histológicos, observou-se 100% de gastrite no estômago excluso, sendo 33/35 pacientes com pangastrite (94,3%). A gastrite foi leve em 23/35 (65,7%) e moderada em 12/35 (34,3%). Gastrite atrófica histológica foi observada em 5/35 (14,3%) pacientes e metaplasia intestinal em 4/35 (11,4%). Todos os pacientes com metaplasia intestinal possuíam gastrite atrófica. Dos 35 pacientes em que se obteve sucesso de acesso endoscópico do estômago excluso, observou-se positividade para o Helicobacter pylori em 7/35 pacientes (20%) e no coto gástrico proximal em 12/35 pacientes (34,3%), através da histologia e coloração por Giemsa modificado. Todos os pacientes Helicobacter pylori positivos no estômago excluso, foram positivos no coto gástrico proximal. Não se observou significância estatística na correlação entre os achados endoscópicos e histológicos (p = 0,2). Das variáveis estudadas, observou-se que a intensidade da gastrite histológica (inflamação) do estômago excluso e do coto gástrico proximal associou-se à presença de Helicobacter pylori (p < 0,05), assim como todos os pacientes Helicobacter pylori positivos no estômago excluso também foram positivos no coto gástrico proximal (p = 0,0005). Não houve complicações durante e após o procedimento de endoscopia de duplo balão. Em conclusão, o método de endoscopia de duplo balão tem elevada capacidade de alcançar o estômago excluso dos pacientes submetidos à gastroplastia vertical com derivação gastrojejunal em Y de Roux; os achados endoscópicos e histológicos indicam alta prevalência de gastrite crônica, atrofia e metaplasia intestinal no estômago excluso desta população selecionada; o Helicobacter pylori está presente no estômago excluso após derivação gástrica em Y de Roux e todos aqueles Helicobacter pylori positivos no estômago excluso também foram positivos no coto gástrico proximal; e a intensidade da inflamação do estômago excluso e do coto gástrico proximal associou-se à presença de Helicobacter pylori.