O estatuto conotativo do timbre em semiótica da canção

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Shimoda, Lucas Takeo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-26052014-121524/
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo discutir o papel do timbre no edifício teórico da Semiótica da Canção, entendida aqui como a vertente teórica da semiótica francesa desenvolvida principalmente por A. J. Greimas mas também por demais integrantes da assim chamada Escola de Paris voltada para o estudo da canção popular brasileira. Preconizada pelo semioticista Luiz Tatit, essa linha de estudos vem se consolidando gradativamente como um instrumental analítico especializado no estudo da canção popular tomada como uma unidade orgânica constituída pela integração entre letra e melodia. Após um primeiro período de formulação e consolidação das ferramentas analíticas que constituem a base do modelo, assistiu-se ao surgimento de diversos estudos que buscaram expandir seu escopo de abrangência em direção aos elementos não contemplados até o momento, como é o caso do timbre. Dentre estes, as teses de doutorado de Carmo Jr. (2007), Coelho (2007) e Dietrich (2008) assumem posição de destaque por levantar questionamentos primordiais para delimitar o estatuto semiótico do timbre enquanto elemento produtor de efeitos de sentido. As proposições apresentadas por estes autores foram submetidas a uma revisão crítica a fim de extrair os vetores teóricos e metodológicos que deverão orientar as investigações futuras sobre esse objeto. Desse confronto de perspectivas, elaboramos a hipótese de que o timbre se comporta como elemento pertinente ao domínio das semióticas conotativas, conforme o modelo de análise hierarquizada idealizado pelo linguista Louis Hjelmslev (2006). Essa abordagem visa elucidar os mecanismos pelos quais o timbre participa na construção de efeitos de sentido, embora ele possa ser descartado como dado variável e secundário até determinado estágio da descrição semiótica. Com esse objetivo em mente, foi realizado um levantamento da presença da conotação nos textos do semioticista A. J. Greimas a fim viii de determinar seu lugar de pertinência no edifício conceitual da teoria e delimitar com maior precisão as potencialidades analíticas desse conceito. As diretrizes teóricas e metodológicas traçadas até esse ponto foram aplicadas em dois momentos. No primeiro, foi analisado como a descrição verbal presente em manuais de instrumentação e orquestração registra de maneira implícita as cifras tensivas subjacentes ao timbre. No segundo, foi analisado o papel do timbre no álbum Música de Brinquedo da banda Pato Fu, observando especialmente quais efeitos de sentido eram produzidos pelas substituições tímbricas do arranjo desse álbum em comparação com o arranjo original. As análises permitem concluir que, enquanto fenômeno da ordem da conotação, o timbre pode criar fisionomias no âmbito do uso, ora pela instauração de assimetrias e irregularidades, ora pelas variações implicadas nas práticas de rearranjo musical. Em ambos os casos, verifica-se que o lugar privilegiado de pertinência do timbre está no campo do uso e da práxis enunciativa. Graças a essas distinções conceituais, a perspectiva linguística e discursiva pode trazer contribuições valiosas para compreender de maneira sistemática o timbre nos processos de significação.