Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Shimoda, Lucas Takeo |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-17072020-120538/
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Resumo: |
O presente trabalho tem por objetivo primário compreender os mecanismos de significação e as estratégias discursivas subjacentes à seleção e à combinação de timbres em discursos verbais, musicais e cancionais. Para dar conta da diversidade de manifestações do timbre, foi empregado o aparato teórico da semiótica discursiva conforme desenvolvido por Greimas (1976 [1966], 1975b, 1983b); Greimas & Courtés (1986, 2012 [1979]), expandido por Zilberberg (1991, 2004, 2006a, 2011a,b); Fontanille & Zilberberg (2001), bem como seus desenvolvimentos aplicados à canção popular por Tatit (1986, 1997, 2004b, 2014, 2016). Uma revisão crítica da literatura da área revelou que a seleção de timbres em textos cancionais está estreitamente relacionada à sua função de remissão à fonte sonora, notadamente o intérprete no caso da canção popular e o instrumento no caso do arranjo e da música instrumental. Para descrever esse fenômeno, o conceito semiótico de figuratividade e de densidade sêmica foi empregado na elaboração de uma escala contínua de especificidade partindo do mais genérico ao mais específico. Essa escala gradual pode ser segmentada em três grandes regiões, a saber, um grau mínimo, um grau intermediário e um grau máximo de especificação. No nível mínimo de densidade figurativa, o timbre é inespecífico e só permite o reconhecimento de qualidades abstratas, manifestas na forma de adjetivos sinestésicos que traduzem verbalmente a morfologia temporal do envelope sonoro. No grau intermediário, encontram-se as descrições e categorizações de timbres em famílias. As fronteiras entre essas famílias podem ser melhor delineadas verificando sua (in)compatibilidade intertimbrística mútua, semioticamente traduzíveis em termos de triagens e misturas (Zilberberg, 2004), conforme manifestadas pelas técnicas de orquestração e arranjo. No último grau de densidade semântica, encontram-se os timbres atribuídos a entidades únicas e exclusivas no mundo natural. Frequentemente, esses timbres são designados por antropônimos. O exame de objetos empíricos revelou que timbres com alta densidade figurativa assumem a propriedade de ativar operações enunciativas concorrentes e paralelas àquelas desencadeadas pelo aparelho formal da enunciação (Benveniste, 2006 [1974]). Nesse cenário, o timbre impõe coerções combinatórias fortes a seu respectivo substrato linguístico-musical, dado que a troca de revestimento timbrístico pode neutralizar ou contradizer o efeito de autenticidade gerado pela ilusão enunciativa (Tatit, 2016). Os resultados das análises evidenciam que, apesar do amplo espectro de variabilidade, as possibilidades de seleção e combinação de timbres não são irrestritas. Os dados permitem concluir que timbres genéricos (i.e. figurativamente rarefeitos) se comportam como variantes e podem ser livremente substituídos, ao passo que timbres específicos tendem a se comportar como invariantes e efetuar comutação, na acepção glossemática destes termos (Hjelmslev, 2006 [1943]). Esses achados relativizam a premissa, detectada no levantamento bibliográfico, de que o timbre é uma variável livremente substituível em textos verbais orais, musicais e cancionais. |