Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Ramos, Vanessa Daufenback |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-02062023-161422/
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Resumo: |
O cenário que antecedeu a pandemia de covid19 já apresentava situações de fome e insegurança alimentar e nutricional crescentes no Brasil e no mundo, resultantes da alta de preços dos alimentos básicos, a diminuição de investimentos em programas de segurança alimentar e nutricional. Apesar de reconhecidos avanços e bons resultados na redução da insegurança alimentar e nutricional, e no aumento da renda e do poder de compra por meio de políticas públicas, grupos marginalizados e desprovidos de direitos já vinham enfrentando dificuldades no acesso a uma alimentação saudável e adequada. Dentre entres grupos destacam-se trabalhadores informais, tais como os entregadores de aplicativo, cuja luta em sido reconhecida no Brasil pelo dilema de \"trabalhar com fome entregando comida\". Mudanças no mundo do trabalho, oriundas das reformas da previdência e trabalhista, agravadas pela persistência da crise econômica entre trabalhadores informais e pela pandemia, estão aprofundando situações de fome e IAN entre trabalhadores informais, a despeito da oferta de serviços de educação, saúde e renda. De forma geral, este trabalho pretende entender como as condições de trabalho de entregadores de comida influenciam situações de segurança alimentar nutricional, fome, saúde, qualidade de vida e engajamento político. Trata-se de uma pesquisa social realizada por meio de quatro etapas: testagem do instrumento, incursões ao primeiro campo para familiarização com o cenário e os atores, segunda etapa de incursões nos points, de acordo com a proposta de saturação de dados, bem como a complementação com observação de grupos de redes sociais. Após análise qualitativa, por meio de núcleos de sentido e de estatística descritiva bivariada, os resultados apontam que há um impacto negativo sobre entregadores negros e entregadores de aplicativo com mais intensidade, constituído por um balanço desfavorável que combina ausência de qualquer aspecto fixo do processo de trabalho (alimentação, água, banheiros, abrigos, local para descanso), relação de desconfiança com clientes, empregadores e restaurantes, risco de acidentes, proteção em caso de acidentes e contaminação por covid-19, ausência de conhecimento do funcionamento das plataformas, dificuldade de acesso a políticas públicas, sentimentos de invisibilidade, abandono, desvalorização social, culminando em perda da identidade de trabalho e ausência do senso de luta política coletiva. Já o entendimento das práticas alimentares no trabalho e no domicílio dos entregadores de comida a partir da complexidade das suas condições de trabalho distintas, do quesito cor e da renda dos entregadores mostrou como a precarização, informalização e plataformização violam o direito humano à alimentação adequada destes grupos. Tal encadeamento de causalidades permitiu vislumbrar as situações de fome vividas durante o processo de trabalho, e como este processo influencia a insegurança alimentar em nível domiciliar. Pode-se concluir que o processo de trabalho de entregadores de aplicativo, principalmente quando são negros e cicloentregadores, frequentemente leva a situações de fome no trabalho, predispondo a diferentes níveis de insegurança alimentar e nutricional no domicílio. |