Uma arqueologia das paisagens da escravidão na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul (1832-­1850)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Monteiro, Victor Gomes
Orientador(a): Ferreira, Lúcio Menezes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Departamento: Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/3623
Resumo: Esta dissertação analisa como a construção política e cultural da paisagem, instituiu formas de governo e de resistência dos escravos, bem como foi parte fundamental da consolidação do sistema escravista na cidade de Pelotas, durante a primeira metade do séc. XIX (1832-­1850). Destacam-­se neste estudo duas escalas da paisagem pelotense. A macro-­espacialidade da escravidão é trazida pela análise dos documentos administrativos (Atas e Posturas da Câmara Municipal de Pelotas). A micro-­espacialidade da escravidão é exemplificada pela análise arqueológica da paisagem de uma unidade produtiva escravista (charqueada São João). Nesse sentido, faz-­se o diálogo entre os preceitos das Arqueologias da Escravidão, Documental e da Paisagem. Em ambas escalas de analise, evidenciam-­se o uso e atuação da paisagem enquanto um dispositivo de controle do escravo. Em contrapartida, revelam-­se as re-­interpretações e manipulações criativas empreendidas pelos escravos frente aos dispositivos materiais que visavam o controle de seus corpos. Este estudo revelou alguns aspectos centrais do entendimento do sistema escravista, dentre estes: o uso de dispositivos materiais de controle por parte das autoridades locais, no intuito de estabelecer um cerceamento da circulação dos escravos no espaço público;; as resistências materiais dos escravos e o uso criativo dos espaços para o desenvolvimento das sociabilidades, alheias ao poder disciplinador;; a constatação de que os corpos dos escravos, enquanto unidade ou um contingente configuraram-­se enquanto componentes materiais da paisagem;; a conformação mútua entre as matas da Serra dos Tapes e a identidade quilombola de forma geral. Ademais, verificaram-­se as características do processo de normatização dos espaços empreendido pelas autoridades pelotenses. Este processo é exemplificado pela tentativa de dinamizar a fluidez do comércio local e da circulação de pessoas e objetos;; a busca por instituir uma hierarquização entre as áreas da cidade, principalmente por meio da eleição de tipos construtivos padronizados para zona urbana e a exclusão de outros;; bem como a autoridade ou controle sobre as construções e modificações na paisagem e sobre a circulação de produtos e pessoas nos espaços e vias da cidade, para fins de taxação e cobrança de impostos. A análise da charqueada São João e da disposição de suas estruturas na paisagem, constatou em linhas gerais, sua configuração de centralidade com relação ao sistema produtivo e de proximidade entre suas estruturas (as de moradia e as relacionadas ao espaço produtivo). Esta configuração, com variações locais, aparece em distintos contextos escravistas do novo mundo.