Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Elias, Neide |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8145/tde-26052017-111526/
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Resumo: |
Em nossa tese estudamos as chamadas leituras graduadas (LGs), especificamente reformulações de obras clássicas da literatura espanhola voltadas para o ensino/aprendizagem de espanhol como língua estrangeira. Procuramos problematizar as relações que se estabelecem na intertextualidade entre o discurso literário e o discurso didático. Adorno (1985), García Canclini (2015) e Jameson (1991) possibilitaram ver as reformulações dentro da lógica da indústria cultural, que responde, oportunamente, a discursos recentes de difusão do espanhol como língua transnacionalizada e supostamente com valor econômico a ser explorado (ARNOUX, 2008). O diálogo entre Compagnon (2012) e o conceito de literatura pósautônoma de Ludmer (2007, 2010, 2012) favoreceu uma abordagem que relativizou o lugar dos textos literários na relação com as LGs. Consideramos estas produções como uma forma de reescrita do texto literário que o transforma em outra coisa, buscamos regularidades discursivas, interdiscursivas e intertextuais nessa nova situação de enunciação que pudessem funcionar como vetores do estilo das LGs. Os estudos bakhtinianos sobre gêneros discursivos, as reflexões de Brait (2005) e os fundamentos de Atorresi e Zamudio (2000) permitiram reconhecer e identificar, em diferentes níveis da organização das leituras graduadas, procedimentos na sua construção que respondem a uma enunciação predominantemente explicativa. Esta presença dominante é uma das responsáveis por desestabilizar na reformulação a intenção de reproduzir o efeito de ficção e a concentração estésica do texto-fonte que afeta a percepção do sensível. As consequências da tentativa de intersecção do discurso didático e do discurso literário configuram um gênero que tem como princípio a mistura, gerando forças em tensão entre o viés sensível e o inteligível. O diálogo polêmico entre o discurso literário e o discurso didático estimulou a problematização a partir dos conceitos como cena englobante, cena genérica e cenografia, de Maingueneau (2008); reformulação parafrástica, (FUCHS, 1985); reformulação explicativa e imitativa (FUCHS, 1994), além de contribuições da historiografia em Chartier (2002, 2014, 2015), para discutir como as reformulações literárias negociam discursivamente com os textos-fonte e que enunciatário projetam. Na reformulação, agem forças involuntárias à didatização e na predominância da enunciação explicativa habita, também, o viés sensível que produz efeitos de sentido que não recuperam aqueles do texto-fonte, não somente porque a enunciação é sempre nova cada vez que se enuncia, mas também porque a LG está submetida a coerções que podemos reconhecer a partir de uma interpretação genérica discursiva e glotopolítica. As categorias de análise da semiótica, com Greimas e Courtés (2012), Discini (2015), Fontanille (1999), Merleau- Ponty (1991) e Zilberberg (2011), contribuem para identificar como se desestabiliza a estesia na transposição do texto literário e que percepções e efeitos de sentido provocam quando cotejados textos-fonte e suas respectivas reformulações. A comparação entre as cenas genéricas do texto-fonte e texto reformulado evidencia continuidades entre as textualidades, não apenas nos recorrentes recursos de imitação, mas também na presença da estesia, inerente a qualquer arranjo da linguagem, que se apresenta de forma concentrada na obra literária e tende a diluirse em diferentes graus de intensidade na retomada da palavra literária nas LGs. |